A democracia em Portugal tem sobrevivido relativamente bem até à entrada no Euro à custa daquilo a que Tocqueville chamou de “contrapesos do liberalismo político”: 1/ o associativismo ou poderes intermediários (sindicatos, organizações da sociedade civil, partidos políticos, etc.); 2/ a divisão de poderes (Montesquieu); 3/ a liberdade de imprensa.
Sem estes três pilares do liberalismo político, a democracia conduz a um despotismo “suave” do Estado. Ora, em Portugal estes três “contrapesos do liberalismo político” estão ameaçados:
1/ Praticamente não existem, hoje e em Portugal, organizações da sociedade civil que, mais ou menos, não dependam do Estado. Por exemplo, os sindicatos estão a ser esvaziados de gente, ou então passam a ser tutelados pelo Estado. O leviatão que se prepara ainda é pior do que o Estado Novo.
2/ A entropia do sistema de justiça foi intencionalmente provocada pela classe política “democrática”, como o prova o protesto de uma certa classe política maçónica pela prisão de José Sócrates: a justiça portuguesa foi construída pela classe política “democrática” e maçónica para não funcionar em relação aos poderosos, por um lado, e por outro lado retira ao povo em geral a possibilidade de acesso aos tribunais mediante uma justiça cara e demorada. Um pobre em tribunal é anedota. Portanto, não podemos falar em uma verdadeira separação de poderes em Portugal: o poder está na maçonaria irregular.
3/ Resta a liberdade de imprensa. A liberdade de imprensa depende da independência das organizações da sociedade civil em relação ao Estado, e da separação de poderes no Estado. Portanto, também a liberdade de imprensa está ameaçada.
O que está a “segurar as pontas” da pseudo-democracia portuguesa é a União Europeia, ou melhor dizendo, é a burocracia de Bruxelas e um certo “Poder anónimo”. Mas se a União Europeia espirra, Portugal apanha uma pneumonia grave. As coisas não estão bem na União Europeia:
“Europe is being swept by a wave of popular disenchantment and revolt against mainstream political parties and the European Union.
In 2007, a majority of Europeans - 52 per cent - trusted the EU. That trust has now fallen to 35 per cent.”
→ How the European dream is dying, state by state
Em suma: ou a democracia se regenera, a maçonaria é afastada da política sem representação legítima, a partidocracia é colocada seriamente em causa, a justiça é radicalmente reformada, o sistema eleitoral profundamente repensado — ou então o regime actual não dura mais de dez anos. Se você não acredita nisto, ria-se e chame-me de “louco”; os idiotas riem-se sempre da realidade; e “o louco é aquele que perdeu tudo excepto a razão” (G. K. Chesterton).
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