O poeta André Gide dizia que “o importante não são as coisas, mas a forma como olhamos as coisas”. E quando pensamos que os costumes (a moral) nada tem a ver com qualquer religião, é porque a sua relação com a religião é negativa.
Vemos aqui em baixo duas imagens: o burkini, e o fato de banho típico da década de 1920.
O problema é o de que o burkini tem uma conotação religiosa, e aparentemente o fato feminino de 1920 não tem essa conotação; mas tinha. Todo e qualquer costume tem uma conotação religiosa, seja esta negativa em relação a uma religião predominante ou histórica, seja positiva em relação a uma forma religiosa emergente (que pode ser uma religião do não compromisso religioso, uma metafísica negativa).
Conforme escreveu Fernando Pessoa, “só as raças vestidas dão valor à beleza do corpo”.
Portanto, o que realmente incomoda não é a indumentária do burkini: é, em vez disso, o anacronismo do Islão que considera a mulher ontologicamente inferior.
E o problema é que eu não tenho a certeza de que andar de monoquini numa praia é mais civilizado do que andar de burkini. Não tenho a certeza de que o nudismo é sinal de “civilização”. Não fosse o anacronismo do Islão, o burkini até poderia “virar” moda.
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