domingo, 15 de janeiro de 2017

O partido liberal português que é socialista

 

Começo a ter pouca vontade de escrever aqui no blogue. Um dia destes fecho-o sem anunciar que foi fechado — porque, por exemplo, quando leio que se pretende fundar um partido liberal que fica situado entre o Partido Socialista e o Partido Social Democrata, não me apetece escrever sobre o assunto, e sobre nada. Apetece-me insultar os filhos da puta.

“Liberalismo” vem do latim “liberalis”, que significa “benfeitor”, “generoso”.

Em filosofia política, o liberalismo é o conceito do qual John Locke foi um dos primeiros representantes, e que faz do sujeito individual, dotado de direitos inalienáveis (direito à propriedade, à liberdade, etc.), a fonte e o centro das relações sociais.

Em economia política — que é o que nos mais interessa num partido liberal! —, o liberalismo é o princípio associado ao liberalismo político de que se falou acima, mas segundo o qual as leis do mercado devem continuar a ser livres, pois são naturais (por exemplo, a lei da oferta e da procura), e dependem delas mesmas o equilíbrio entre a produção, a distribuição e o consumo (Adam Smith).

A função do Estado liberal deve ser a de garantir os direitos individuais, e a sua autoridade apresenta, então, limites: os seus diferentes poderes (executivo, legislativo, judicial) devem ser separados. Para o liberal, a igualdade é reduzida à igualdade de direitos, e não à igualdade social. A igualdade social, própria do Partido Socialista e da Esquerda em geral, supõe que o Estado intervenha para “corrigir o livre jogo da sociedade civil”, o que é sempre interpretado pelo liberalismo como funesto para a liberdade.

Ou seja, um liberal não é um socialista.

Dizer que o novo partido liberal fica politicamente situado entre o Partido Socialista e o Partido Social Democrata, é dizer que o liberalismo é socialismo.

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