Um dias destes, escrevi um comentário em um artigo do FaceBook que versava sobre as zonas de estacionamento destinadas aos deficientes motores:
“Eu estaciono nessas zonas, e saio do carro a mancar.”
Bem!, o leitor não imagina o chorrilho de insultos a que fui sujeito por gente da Esquerda.
Porém, acontece que a minha piada sobre o “mancar” era abstracta, ou seja, não se dirigia a ninguém em concreto; mesmo assim fui insultado do pior.
A Raquel Varela escreve o seguinte:
“Gosto do humor de João Quadros, mesmo quando não gosto das suas piadas. O que não tem piada alguma é definirmos colectivamente quais os limites do humor. Além disto – e isto é a liberdade de criação de um artista, não é pouco – o alvo da piada de JQ foi o fascismo e não a esposa de Passos Coelho. Quem não entendeu isto tem ou má vontade ou ignorância, a ambas não se deve ceder”.
Uma coisa é dizer uma piada sobre “mancos” (em geral), por exemplo; outra coisa, bem diferente, Ó Raquel!, é dizer uma piada sobre “aquele manco” em particular. Portanto, o limite do humor é o ad Hominem — mas não estejamos à espera que a estúpida criatura entenda isso: é muita “História” naquela cabecinha de alho chocho.
Além de não saber qual o limite do humor (o ad Hominem), a Raquel Varela pretende dizer que qualquer discurso depende da sua interpretação — o que exponencia a estupidez da criatura: diz ela que “o alvo da piada de JQ foi o fascismo e não a esposa de Passos Coelho”; ou seja, nós é que interpretamos mal.
"Interpretar" pode ter basicamente três sentidos:
- tornar claro, encontrar um sentido escondido, hermenêutica;
- deformar, desfigurar;
- abordar uma obra de maneira a exprimir-lhe sentido; exegese.
No caso da Raquel Varela, “interpretar” é “deformar”.
Gadamer defendeu a ideia segundo a qual o acto de compreender comporta três momentos: a apreensão da ideia original (ou compreensão propriamente dita), a interpretação, e a aplicação.
Por exemplo, podemos compreender o conceito de “virtude”, segundo Aristóteles, e conforme a sua ideia original. Depois, interpretarmos (à nossa maneira) esse conceito original, mesmo deturpando-o ou desfigurando-o, de forma "nova" e "diferente", a cada instante e conforme ao espírito de cada época. E finalmente podemos aplicar e adaptar, a cada situação concreta, essa interpretação.
Os três momentos — compreensão, interpretação e aplicação — são indissociáveis porque não pode existir compreensão sem interpretação, na medida em que a significação que podemos deduzir no fim de uma investigação nossa, encontra-se também no princípio da investigação, devendo o investigador antecipar sempre a significação consoante os seus interesses privados e as suas escolhas pessoais.
No entanto, a interpretação de uma ideia não se desliga, total ou parcialmente, da intenção dessa ideia.
Por exemplo, não é legítimo nem racional que se interprete a Bíblia num sentido oposto ou contraditório em relação às ideias originais nela expressas.
Ou seja, quando a interpretação é desprovida de lógica e de bom-senso, é deformação e desfiguração. Para a Raquel Varela, interpretar é deformar o significado original de uma determinada ideia. Por isso é que ela estudou História: para a deformar e desfigurar.
E se fizer uma exegese da piada de João Quadros, chegaremos à conclusão inevitável de que não é eticamente aceitável que se ataque politicamente uma determinada pessoa, por exemplo, através do ataque ad Hominem em relação à sua esposa ou à sua filha ou à sua bisneta (que o diga o Daniel Oliveira).
A Raquel Varela é um símbolo da putrefacção moral e intelectual da Esquerda — porque não podemos esperar do mentecapto João Quadros outra coisa; mas de uma criatura que aparece nos me®dia, esperaríamos pelo menos o silêncio acerca deste assunto.
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