“Não existe, nem nunca existiu, essa entidade abstracta chamada “os professores” – existem dezenas de milhares de indivíduos a desempenhar uma função singular e complexa, que de forma alguma podem ser confundidos com um grupo profissional homogéneo, como se fossem mineiros, estivadores ou trabalhadores numa linha de montagem.”
Dizia Antístenes (o cínico) a Platão : “Eu vejo um cavalo, mas não vejo a cavalaridade”. Da mesma forma, o João Miguel Tavares não vê a “professoridade”, mas antes só vê o “professor”.
Eu sou insuspeito para abordar este tema, porque nunca votei na Esquerda. Ou melhor, o partido mais à esquerda em que votei foi o PPD/PSD.
O argumento nominalista do João Miguel Tavares é um absurdo, porque é evidente que existe uma categoria que reúne as características comuns de criaturas a que se convencionou chamar de “professores”. Portanto, a categoria (científica) da “professoridade” (que o João Miguel Tavares não vê) existe. E o João Miguel Tavares só vê o que a ideologia lhe permite ver.
Aliás, a categoria é a condição da avaliação da qualidade.
Sem a “professoridade” não poderíamos avaliar a qualidade dos professores, entendidos tanto em termos colectivos como em termos individuais.
A minha bisavó materna foi professora, ainda no tempo dos reis; a minha avó materna também, e a minha mãe seguiu o mesmo caminho: mas até 1974, não existia em Portugal uma verdadeira massificação do ensino, no sentido do ensino igualitarista e obrigatório. Portanto, não podemos comparar o ensino obrigatório e massificado actual, por um lado, com o ensino tradicional, por outro lado.
A “professoridade” sempre existiu, desde que existem professores. A “professoridade” é uma categoria.
Portanto, negar a existência da categoria dos professores é psicose ideológica.
O problema — que o João Miguel Tavares se recusa a ver, em nome do conceito de “igualdade” que lhe corrói o espírito — é que a massificação do ensino trouxe consigo a massificação dos professores. Ou seja, o problema está a montante, na massificação (igualitarista) do ensino — mas o João Miguel Tavares é ideologicamente vesgo, só consegue ver a massificação dos professores, que é uma consequência e não a causa do problema.
“EL demócrata, en busca de igualdad, pasa el rasero sobre la humanidad, para recortar lo que rebasa: la cabeza. Decapitar es el rito central de la misa democrática” → Nicolás Gómez Dávila
("O democrata, em busca da igualdade, passa a bitola sobre a humanidade, para cortar o que diferencia: a cabeça. Decapitar é o rito central da missa democrática”)
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