“No entanto, meu caro, o problema central não é a rapariga. É o rapaz, é o homem. O problema não é o corpo vestido ou tapado da rapariga, é a cabeça do rapaz e do homem. No passado, nas sociedades ocidentais, as mulheres andavam tapadas, mas isso não impedia o abuso sistemático”.
O Henrique Raposo faz uma confusão de tal forma que torna o texto dele ininteligível; é uma logomaquia acerca do fenómeno cultural feminista que é o #metoo .
Vejamos este vídeo do Tucker Carlson da Fox News:
Ao contrário do que parece, e ao contrário do que ele próprio diz, o Henrique Raposo segue o feminismo de quarta geração (que saiu da Revolução Sexual pós-moderna); e Catherine Deneuve segue o paradigma cultural vigente anterior aos pós-modernismo.
Nota bem: “seguir um paradigma” não é a mesma coisa que “voltar ao passado” — como parece implicitamente defender o Henrique Raposo. “Seguir um paradigma” é adoptar o conceito de Fernando Pessoa de “velhice do eterno novo”: as coisas podem ser novas dentro de um paradigma antigo.
O movimento #metoo é uma manifestação do feminismo radical americano, que é um liberalismo (“liberalismo” no sentido anglo-saxónico de “esquerdismo”), uma ode ao indivíduo que se emancipa das tradições e das estruturas colectivas: o feminismo americano é comunitarista (no sentido de “identitário”).
Mas quando o predador masculino vem dos países do sul e/ou dos países muçulmanos, o feminismo americano do #Metoo encontra todas as desculpas possíveis para os abusos sexuais, porque é um feminismo aliado às minorias raciais: feministas e minorias raciais combatem em conjunto o inimigo comum: o macho heterossexual branco.
Por isto é que o Henrique Raposo anda a ver mal a “coisa”.
A terceira parte do vídeo é a mais importante, no minuto 8:30 — uma conversa com Heather MacDonald do Manhattan Institute. A opinião desta senhora é exactamente a mesma expressa por Catherine Deneuve e que (alegadamente) o Henrique Raposo diz que decorre da Revolução Sexual pós-moderna.
- “Homens e mulheres são diferentes, não se trata de construções sociais”: têm biologias diferentes e libidos distintos.
- Antes da Revolução Sexual (antes de 1968, nomeadamente), tínhamos um conjunto de normas que condicionavam e reprimiam a libido do macho — normas (culturais) de cavalheirismo e de cortesia, e as mulheres tinham, por definição cultural, o poder primordial de dizer “não” e, por isso, não tinham que negociar com o homem o relacionamento sexual.
A Revolução Sexual acabou com essa cultura, e decidiu que os homens e mulheres são iguais, e é isto que o Henrique Raposo parece não ter compreendido, talvez porque só tem filhas.
Modern Times: Camille Paglia & Jordan B Peterson
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