terça-feira, 8 de abril de 2014

O P.S.D de Passos Coelho e a versão oficiosa acerca do salário mínimo

 

No tempo da URSS, o Partido Comunista dizia que esse país era o “sol do mundo”. Hoje, o Partido Social Democrata de Passos Coelho diz que a Alemanha de Angela Merkel é a “luz do universo”. Mas este Partido Social Democrata consegue ser mais merkeliano que a própria Angela Merkel — como os comunistas conseguem ser mais marxistas que o próprio Karl Marx: agora que a Alemanha já tem um salário mínimo nacional (de 8,50 Euros / Hora!), a bovinotecnia coelhista sai da lura para defender que não deve haver aumento do salário mínimo nacional. E vejamos os argumentos (o verbete foi apagado pelo seu autor, tamanho era o absurdo).

«Sátão, Aguiar da Beira, Sernancelhe, Fornos de Algodres, Paços de Ferreira, Lousada, Ourique, Góis, Mondim de Basto, Vimioso, Vila de Rei, Felgueiras, Vizela, Celorico da Beira, Boticas, Barrancos, Sousel, Vila Nova de Paiva, Cinfães, Alandroal, Fafe, São Pedro do Sul, Tábua, Vinhais, Marvão, Cabeceiras de Basto, Penamacor, Oleiros, Freixo de Espada à Cinta, Arronches, Sabugal, Ponte de Lima, Pampilhosa da Serra, Castro Daire, Mesão Frio, Almodôvar, Almeida, Sardoal, Alfândega da Fé, Moimenta da Beira, Crato, Meda, Valpaços, Armamar, Paredes de Coura, Alviázere e Santa Marta de Penaguião. São os municípios que, de acordo com números de 2011, têm diferença entre o salário mínimo nacional e a remuneração base média mensal superior a –160.

O Bloco quer um salário mínimo de 545€. Isto corresponde a um aumento superior a 12%. Nos municípios apontados significaria um aumento de desemprego verdadeiramente brutal: o efeito de um aumento de salário mínimo no município de Lisboa não é particularmente relevante para o desemprego mas, em regiões cujos salários médios estão perto do salário mínimo, significa uma destruição cega pelo centralismo socializante-controlador.»

os brioches da bovinotecnicaEste raciocínio tem diversas anormalidades, mas só me vou reter em algumas.

1/ defende a ideia segundo a qual deve existir em Portugal realidades estatutárias de cidadania conforme se vive em Lisboa ou na “província”. Ou seja, “Portugal é Lisboa e o resto é paisagem”. Deve haver um salário mínimo lisboeta e nenhum salário mínimo para a “paisagem”.

2/ defende a ideia segundo a qual uma empresa que não pode ou não quer pagar o salário mínimo deve continuar no mercado a competir com aquelas empresas que o pagam (de Lisboa ou não).

3/ defende a ideia segundo a qual um cidadão que trabalhe pode viver em Portugal com 300 Euros mensais.

4/ defende a ideia segundo a qual é legal pagar menos do que o salário mínimo.

5/ defende a ideia segundo a qual o ideal seria que uma pessoa trabalhasse sem receber qualquer salário, para que o desemprego fosse debelado. O problema da economia portuguesa está nos salários: se os portugueses ganharem menos do que os chineses, a economia salva-se.

1 comentário:

  1. De certeza quase absoluta que os colaboradores do "Blasfémias" - ou do "Insurgente" ou do "Corta-Fitas" - que escrevem esta inanidades não vivem com o rendimento do salário mínimo ou sequer ou do salário médio nacional, muito pelo contrário... E o que mais me entristece no meio disto tudo é que muitos deles obtiveram as suas licenciaturas em Economia e Gestão na... Universidade Católica; porém, ignoram olimpicamente a Doutrina Social da Igreja e conceitos fulcrais desta como o "salário justo", em detrimento de uma ideologia neoliberal radical de matriz anglo-saxónica protestante, o que denota um óbvio falhanço do ensino ministrado em tal Universidade.

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