“O que parece tornar evidente que a ONU, ainda que imperfeita nas definições e intervenções, continua a ser o projecto mais esperançoso no sentido de impedir o progresso dos regionalismos não convergentes, isto é, o mundo partilhado.”
Para além do facto de Adriano Moreira escrever (ou permitir que alguém escreva por ele) segundo o Aborto Ortográfico, a sua “revienga” ideológica é brutal. Vamos ver:
Parece que — segundo Adriano Moreira — há “regionalismos não convergentes”, o que significa podem existir “regionalismos convergentes”. Acontece, porém, que os “regionalismos convergentes” anulam-se enquanto regionalismos através de uma concepção de “mundo partilhado” que significa “governo global”. E esse “governo global” — continuo a interpretar Adriano Moreira — não é neoliberal: Adriano Moreira não nos explica como conciliar um governo global, seja ele neoliberal ou não, com a manutenção das especificidades regionais.
O progresso é visto — por Adriano Moreira — como uma lei da Natureza, o que pressupõe uma visão hegeliana da realidade. Parece que Adriano Moreira passou a estar condicionado pelas “opiniões opinativas” da sua (dele) filha socialista, para evitar um qualquer conflito em família.
A ascensão da supremacia americana depois da queda do muro de Berlim pode comparar-se à queda das cidades-estado gregas através do império macedónio de Alexandre.
O que o mundo helenístico nos trouxe foi a decadência da cultura grega das cidades-estado através de uma miscigenação cultural com os bárbaros — a decadência da ciência (no pós-modernismo), o surgimento do cientismo que se subjuga à arbitrariedade da política vulgar, a insegurança generalizada e global, a repartição do globo entre os tiranos (sucessores de Alexandre), o definhamento da alta cultura, a morte da filosofia, a afirmação na cultura antropológica de mitos mundanos e vulgares, a pobreza de espírito.
Portanto, o que é preciso é resgatar as “cidades-estado” da Europa — porque o simples retorno a elas é impossível. É preciso um Renascimento da Europa que passa pela valorização das regiões e dos países da Europa. Adriano Moreira está enganado.
"Para além do facto de Adriano Moreira escrever (ou permitir que alguém escreva por ele) segundo o Aborto Ortográfico, a sua “revienga” ideológica é brutal."
ResponderEliminarConfesso que também não gosto de ver os meus artigos publicados no DN de acordo com o Aborto Ortográfico, mas sujeito-me, pois prefiro ter um pássaro na mão, do que dois a voar...