quarta-feira, 26 de agosto de 2015

Ludwig Krippahl, a ciência e a moral — Parte I

 

Eu faço a seguinte afirmação: “Os dinossauros extinguiram-se há 65 milhões de anos”. Ou ainda outra: “o universo formou-se há 13,5 mil milhões de anos (luz)”. Estas afirmações são científicas. ¿Mas estarão correctas a 100%? O Ludwig Krippahl diz que sim:

“As mesmas equações que usamos para determinar onde a Lua vai estar na próxima semana também servem para saber onde esteve na semana passada e todos os dados que a ciência usa são históricos, seja o resultado da experiência de ontem, seja a luz que saiu de uma galáxia distante há dez mil milhões de anos”.

Karl Popper, que comparado com o Ludwig Krippahl é uma merda, escreveu o seguinte:

“As nossas teorias científicas, por melhor comprovadas e fundamentadas que sejam, não passam de conjecturas, de hipóteses bem sucedidas, e estão condenadas a permanecer para sempre conjecturas ou hipóteses”.

Como é evidente, a maioria das pessoas acredita mais em Ludwig Krippahl do que em Karl Popper.


Vamos ver, por exemplo, as leis da gravidade: primeiro, temos que nos abstrair de alguns factores, como por exemplo a forma e a cor dos objectos, ou a resistência ao ar. Ou seja, abstraímo-nos de qualquer caso real na natureza observável na Terra, simplificando consideravelmente as condições. Uma vez compreendidas as condições no vácuo, elas permitem então (juntamente com outros princípios) a compreensão da queda dos aviões, ou das folhas, por exemplo.

folhas-outonoImaginemos uma floresta de folhagem caduca, no Outono. Com o vento, as folhas vão caindo. A ciência pode tentar compreender e prever o local da queda das folhas. O Ludwig Krippahl diria o seguinte: “É errado alguém dizer que nunca a ciência compreenderá a combinação da queda das centenas de milhares de folhas”. Ele tem razão por um lado, mas não a tem por outro lado.

Em princípio, a Física tem as folhas em redemoinho sob controlo, ou seja, o processo pode ser compreendido como um caso concreto (nominalismo) de um pequeno número de princípios gerais. Mas, por outro lado, precisamos de ter em conta o facto de esta compreensão fundamental não poder impedir que um físico não possa descrever a trajectória de uma folha, senão de uma forma aproximada. No entanto, esta forma aproximada é tão geral que também é possível prever como as folhas cairiam na Lua.

Em suma: para que seja possível formular leis a partir das observações científicas, é preciso simplificar e criar modelos que constituam uma abstracção da complexidade da realidade. Os modelos, todavia, constituem aproximações à verdade do fenómeno a investigar, sem que possam, como é evidente, chegar alguma vez a compreendê-la completamente. Por isso é que dizemos que “a ciência não explica: em vez disso, descreve”.

Portanto, ficou aqui reduzida ao absurdo a ideia do Ludwig Krippahl segundo a qual “a ciência pode determinar o que é historicamente verdadeiro”.


“A mente humana é constituída de tal forma que o erro e a mentira podem sempre ser expressos de maneira mais sucinta do que a sua refutação. Uma única palavra falsa requer muitas para ser desmentida.” — Olavo de Carvalho

Em uma segunda parte, falarei do resto da treta do Ludwig Krippahl.

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