segunda-feira, 28 de dezembro de 2015

Mussolini foi indigitado pelo rei de Itália

 

“Salazar poderá até ter sido um monárquico na sua juventude, mas é desonesto do ponto de vista intelectual negar a sua paixão posterior pelo Fascismo Italiano - uma ideologia hegeliana por excelência - mesmo que o próprio nunca o tenha admitido abertamente”.

Salazar Não Era Monárquico

O rei Victor Emanuel III encarregou Mussolini de formar governo em 1922. Não há qualquer contradição de facto entre o fascismo italiano, por um lado, e a monarquia italiana, por outro lado.

3 comentários:

  1. "Não há qualquer contradição de facto entre o fascismo italiano, por um lado, e a monarquia italiana, por outro lado."

    Do ponto de vista teórico não há e Mussolini nunca afrontou o Rei para não ter ainda mais problemas a chateá-lo, mas estou convencido de que se ele pudesse, teria derrubado o Rei e concentrado em si os poderes do Rei. Aliás, na Alemanha Hitler fez exactamente isso: aboliu os cargos de Presidente e de Chanceler e concentrou em si ambos os poderes, passando a designar-se Führer.

    Mussolini reduziu o Rei a uma peça insignificante da política italiana e a prova disso foi o facto do Rei de Itália ter assistido em silêncio à forma como Mussolini subverteu a democracia na Itália e montou uma ditadura que violava praticamente todos os direitos civis mais básicos protegidos pela lei italiana então em vigor.

    Foi só em 1943 e após Mussolini ter cometido gravíssimos erros de estratégia durante anos a fio, que o Rei sob pressão dos Aliados, decidiu mandar depôr e prender o ditador italiano.

    No fundo, a estratégia de Mussolini para com o Rei foi sempre ignorar o mesmo e deixá-lo em paz, desde que este não o perturbasse ou lhe tentasse estorvar a governação. Imagine o que teria acontecido se o Rei italiano tivesse tentado depôr Mussolini dez anos antes, em 1933, o mais provável teria sido Mussolini mandar os seus camisas negras depôr o Rei à força ou arranjar forma deste sofrer algum "acidente", abolindo posteriormente a Monarquia e concentrando em si os poderes de Rei e de Primeiro-Ministro.

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    1. 1/ Não podemos comparar a Alemanha da década de 1920 com a Itália da mesma época.

      Depois da I Guerra Mundial, deixou de existir o Kaiser (o Imperador). A Alemanha tornou-se em uma república.

      2/ Mussolini, antes de fundar o partido fascista, pertenceu aos quadros — foi militante — do Partido Socialista Italiano.

      3/ o rei de Itália sempre foi um símbolo, mesmo antes de Mussolini. O rei em Itália tinha menos poderes do que os do nosso rei D. Carlos, por exemplo.

      4/ a ditadura de Mussolini foi um absolutismo monárquico, na medida em que existiu em uma monarquia, ou melhor, a monarquia italiana justificou institucionalmente a ditadura de Mussolini.

      5/ qualquer primeiro-ministro, em uma monarquia, aqui e ali, entra em conflito com o rei. Não aconteceu só com Mussolini. Até em Inglaterra, onde a rainha é um mero símbolo, de vez em quando vem a lume um qualquer conflito entre o primeiro-ministro e a rainha.

      Ou seja, o caso de Itália é a prova de que a monarquia não é incompatível com o fascismo.

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    2. Sim, mas eu nunca disse que a monarquia era incompatível com o Fascismo, de facto, não é.

      O que eu quero dizer é que a monarquia não faz parte da essência do Fascismo e este só tolera a mesma, se o Rei não passar de uma figura simbólica e desprovida de qualquer poder.

      Teria sido interessante saber como iria reagir Mussolini se o Rei o tivesse tentado demitir logo em 1939 quando este assinou o Pacto de Aço com a Alemanha Nazi. Aposto que Mussolini era bem capaz de ter acabado com a monarquia italiana logo ali, até porque contava com o apoio dos militares e por isso tinha as costas bem protegidas.

      O Rei só demitiu Mussolini em 1943, porque foi só nessa altura que o largo descontentamento na sociedade italiana e nas Forças Armadas, lhe permitiram fazer essa jogada em segurança, sem colocar em perigo a sua própria existência física e política.

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