sexta-feira, 26 de agosto de 2016

Há sempre o risco de ser um “fassista”, contra ou a favor do burkini

 

Antes de lerem este “post” do João Távora acerca do burkini, peço que leiam estoutro meu sobre o mesmo assunto; mas leiam-no devagar, cogitando cada conceito — por exemplo, o conceito de “religião” que, segundo o João Távora (erradamente), não tem nada a ver com as antigas viúvas aldeãs portuguesas vestidas de negro e com lenço na cabeça.

O conceito de “religião” é assim reduzido a uma espécie de ideologia que contenha em si uma qualquer ideia de transcendência “sobrenatural” que a ciência não controla; e neste sentido, não passaria pela cabeça do João Távora considerar o materialismo dialéctico e/ou histórico como uma religião (embora o materialismo dialéctico não faça parte da ciência porque não é falsificável). E é também por isso que muitos “intelectuais” da treta consideram o Budismo como uma filosofia, e não como uma religião, alegadamente porque (dizem eles) se trata de um monismo imanente (imanência).


Foi Eric Voegelin que cunhou o termo “religião política” que caracterizou, por exemplo, os jacobinos, o romantismo do Positivismo, o marxismo, etc.. Até o ateísmo é uma espécie de religião desprovida de ritos comunitários, mas que inclui um conjunto comum de crenças que compreendem um aspecto subjectivo (o sentimento religioso da crença racionalista ou romântico-positivista). O empirismo e o puritanismo são duas faces da mesma moeda (o que justifica o puritanismo dos republicanos de 1910).

No fim da década de 1970, cheguei a ver homens e mulheres fisicamente separados (mulheres à direita, homens à esquerda na igreja), nas missas católicas em uma aldeia de Trás-os-Montes. Era o costume, dizia o povo; “que não tinha nada a ver com o Padre”. Portanto, é impossível separar os costumes, a moral, a ética, a estética, a metafísica, e portanto, a religião (ou “religiosidade” como soe moderno e prá-frentex dizer-se), da cultura.

burqui

O problema do burkini vestido por uma mulher islâmica (sublinho: islâmica) é o seu símbolo — é aquilo que o burkini simboliza através da cultura islâmica. Esse símbolo tem uma representação que é repugnante e que nunca existiu — nos mesmos moldes — na cultura europeia desde a Antiguidade Tardia.

Neste caldo de culturas em França, há duas possibilidades:

  • ou o burkini não é proibido, e as raparigas de raiz familiar islâmica passam a ser publicamente coagidas pela cultura islâmica a considerarem-se a si mesmas ontologicamente inferiores (de acordo com a ideologia política islâmica);
  • ou então o burkini é proibido e o laicismo transforma-se em uma religião de Estado em França, à maneira da ex-URSS.

Há uma terceira possibilidade, que não digo agora, porque não me apetece ser apodado de “fassista”.

4 comentários:

  1. Una tragicommedia degna di Voltaire :P

    ...non solo i fondamenti della sconclusionata e luciferina incultura contemporanea,...

    http://www.corrispondenzaromana.it/bikini-o-burkini-una-tragicommedia-degna-di-voltaire/

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  2. Moral da Historia:
    Quilham-se os do costume "Os Catholicos"

    https://www.lifesitenews.com/blogs/burkini-ban-would-bar-catholic-nuns-from-wearing-habit-on-
    beach-deputy-mayo

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  3. Um dos resultados nefastos do relativismo multicultural pode ser confirmado aqui http://www.mises.org.br/Article.aspx?id=2456

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  4. António Costa tem uma solução para o terrorismo islâmico na Europa. [Abro aqui um parêntesis para, antes de mais, louvar a coragem de Costa em admitir que há terrorismo islâmico na Europa. Não é costume, em socialistas. Quando há um atentado por banda de um muçulmano, a resposta automática da esquerda é dizer que: i) não foi um atentado, foi um acidente com uma botija de gás, a culpa é do grande capital que lucra com a venda de botijas de um combustível fóssil, em vez de ligar toda a gente à rede de ventoinhas mágicas que produzem electricidade para todos; ii) se, afinal, é atentado, é obra de um maluco a quem o capitalismo falhou ao não prestar cuidados de saúde mental; iii) se o indivíduo é são, não é muçulmano, mesmo que se chame Muhammad, tenha gritado "Alá é grande!", frequente a mesquita e obrigue a mulher a vestir um reposteiro, porque os verdadeiros muçulmanos, tal como definidos pela esquerda europeia, não fazem essas coisas. Portanto, palmas para Costa.]----ler mais aqui http://www.cmjornal.pt/opiniao/colunistas/jose-diogo-quintela/detalhe/antonio-costa-resolve

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