quarta-feira, 8 de novembro de 2017

A Direita tem vindo a ganhar a guerra cultural inteligente

 

Quando falo em “Direita”, não me refiro, por exemplo, ao CDS/PP politicamente correcto que fecha a Esquerda à direita; refiro-me ao páleo-conservadorismo que se opõe, em grande medida, ao neoliberalismo.


O Carlos Fiolhais cita um artigo de um tal Guilherme Valente que escreve no jornal Púbico e que eu não conheço:

"O discurso do arrependimento do Ocidente é esclerosante. É preciso libertar-se dele e pensar para além da vitimização. [...] A pergunta que devemos colocar a nós próprios não é: porque sou mal acolhido; mas é: porque parto, porque deixo a minha terra."

Ou seja, a Esquerda está a fazer “marcha-atrás” porque já percebeu que a estratégia marxista cultural da auto-vitimização (política da identidade) está a dar mau resultado, e a Esquerda arrisca-se a “espalhar-se ao comprido”. Por isso, há que mudar um pouco a estratégia política de definhamento da cultura antropológica; mas a “marcha-atrás” da Esquerda é tímida e mínima, porque pretende ser quase uma ilusão para fintar o povo. Por isso, o Valente escreve a seguir:

“Elísio Macamo, professor moçambicano numa universidade suíça, brindou-nos recentemente com um rebuscamento "académico" desse queixume absurdo (PÚBLICO, 11/10/17). É a si próprio que Portugal deve pedir desculpas "por ter violado os seus próprios valores" no período dos Descobrimentos e da colonização, escreveu. "Tantas vezes quanto for necessário"!

Ou seja, quer que eu inclua nas minhas orações um pedido de perdão a mim próprio pelas atrocidades que, por exemplo, Vasco da Gama praticou no Índico, com as quais não tive nada a ver e me repugnam! Eu e Portugal estaríamos assim condenados a uma espécie de inferno católico, absurdo histórico há muito abandonado pela própria Igreja”.

Ou seja, para o Valente, por um lado, a auto-vitimização histórica do Ocidente é uma merda; mas, por outro lado, o Vasco da Gama (e os outros todos) também é uma merda. Entalado entre a merda da História e a merda da auto-vitimização, o Valente dá, assim, a volta ao texto político no sentido de enganar-se a si próprio e ao povinho, tentando sair da sua (dele) dissonância cognitiva em relação à realidade histórica e cultural.


Já agora: a ideia de “inferno católico” não foi abandonada pela Igreja Católica, ao contrário do que escreve o valente mentecapto.


Um páleo-conservador pensa de maneira diferente; desde logo, recusa a falácia de Parménides — o que, aplicando-se por exemplo à escravatura, significa que um determinado comportamento cultural (ou costume) pretérito teve lugar na sua época própria e é legítimo do ponto de vista histórico.

Ou seja, os portugueses não têm que se arrepender ou sentir “repugnância” porque Portugal praticou a escravatura no passado, nem têm que sentir “repugnância pelos feitos de Vasco da Gama”, porque os factos históricos devem ser valorizados no seu contexto próprio; e porque, sem a escravatura, por exemplo, não existiria hoje o Brasil.

Portanto, há que ter orgulho na História de Portugal no seu Todo — independentemente da opinião de detractores estrangeiros.


Finalmente, o Valente falou em Mandela e no seu putativo exemplo a seguir. Esqueceu-se de falar da carnificina dos agricultores brancos (assassinados aos milhares) que decorre actualmente na África do Sul.
 
O Mandela apenas ganhou o tempo necessário para tornar invisível a barbárie do racismo negro.
 

 

1 comentário:

  1. O Valente é o editor da Gradiva. É dos que dá uma no cravo e outra na ferradura. Por um lado a Gradiva não aderiu ao AO, vai lançando de quando em vez uns livros politicamente incorrectos, mas por outro mantém um pé bem assente no sistema que a gente não conhece o dia de amanhã...

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