tag:blogger.com,1999:blog-5177269103897894906.post6589217275536078414..comments2024-03-13T13:08:55.943+00:00Comments on Algol Mínima: Um texto desonesto no CombustõesOrlando Bragahttp://www.blogger.com/profile/16891839091944416605noreply@blogger.comBlogger2125tag:blogger.com,1999:blog-5177269103897894906.post-54677304686798988892014-05-10T22:38:07.334+01:002014-05-10T22:38:07.334+01:00
1/ invocar a autoridade de direito de alguém par...<br /><br />1/ invocar a autoridade de direito de alguém para justificar uma tese não faz sentido em um comentário curto: as pessoas ficam a entender o mesmo e você incorre em uma falácia ad Verecundiam. <br /><br />2/ ninguém disse ou escreveu que “a representação política se reduzia às Cortes” (“reduzia”, será o que você quis dizer; e não “resumia”).<br /><br />3/ estamos a falar de Portugal, e não de França ou de Marte. Não tergiversemos. <br /><br />4/ o que eu quis dizer com este verbete — veja se entende! — é que o “Absolutismo” não é a mesma coisa que “monarquia orgânica”, nem tem nada a ver uma coisa com outra. Será que você percebeu o que eu quis dizer? <br /><br />Ao longo dos últimos séculos, depois que se instalou o Iluminismo, tem-se tentado emular o organicismo da monarquia orgânica, mas tratam-se de corruptelas: não tem nada ver. Qualquer comparação (ou mesmo analogia) entre a monarquia orgânica e o Absolutismo é estupidez ou desonestidade. O Salazarismo também foi uma corruptela altamente degradada da monarquia orgânica. <br /><br />5/ o facto de “as Cortes deixarem de ser necessárias”, como você escreveu, é um eufemismo de “as Cortes foram abolidas”. Tentar arranjar desculpas com problemas de logística só revela má-fé no debate. As elites portuguesas resolveram acabar com as Cortes, ponto final!, porque se tratava do “espírito daquele tempo” (era moda, na altura). Percebeu? <br /><br />6/<br /><br />“O organicismo estrutural da monarquia prende-se à capacidade de os órgãos funcionarem sem alterações profundas do ethos do regime político. Ora, isso não se deu, houve uma substituição burocrática das funções das Cortes”. <br /><br />“Substituição burocrática das funções das Cortes” é outro eufemismo. Para que você pudesse compreender por que razão aconteceu essa “substituição burocrática”, você teria que estudar primeiro as influências culturais e ideológicas que as elites (de finais do século XVII) portuguesas receberam, não só de França, mas também da Inglaterra de Hobbes e da Alemanha de Wolf. <br /><br />A “substituição burocrática das funções das Cortes” é produto directo do Iluminismo — e o Iluminismo é incompatível com a monarquia orgânica. Veja, por exemplo, o que o Camaralismo alemão fez em matéria de “burocracia”. <br /><br />Eu vou repetir devagar, a ver se você percebe:<br /><br />O Iluminismo é incompatível com a monarquia orgânica. Seria uma coisa semelhante que você tentasse compatibilizar o marxismo e o capitalismo. E o Absolutismo é um produto do Iluminismo. <br /><br />7/ a monarquia orgânica pressupõe (ou exige) uma coincidência entre a cultura intelectual e a cultura antropológica em uma determinada sociedade em que o poder supremo está acima do próprio Rei. Ou seja, numa monarquia orgânica, nem o rei se subtrai a um poder providencial que ultrapassa e transcende toda a sociedade. Neste sentido, o rei não se torna em um déspota senão por desvio próprio. É neste sentido que devemos interpretar a famosa frase de S. Tomás de Aquino:<br /><br />“Uma lei injusta não deve ser sequer considerada como lei: devemos simplesmente ignorá-la”. <br /><br /><br /><br /><br />Orlando Bragahttps://www.blogger.com/profile/16891839091944416605noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-5177269103897894906.post-55111194809380744862014-05-10T21:54:02.354+01:002014-05-10T21:54:02.354+01:00 Orlando, infelizmente o senhor não sabe mesmo do ... Orlando, infelizmente o senhor não sabe mesmo do que fala quando faz este tipo de textos. Sobre a questão da representação política em Cortes, aconselho-lhe a leitura de textos de Pedro Cardim, um historiador recente, sobre as Cortes. A representação política em Portugal não se resumia às Cortes - de facto, nas últimas actas de Cortes nota-se que eram os povos quem desaprovava da realização das mesmas. Os delegados concelhios pagavam a própria estadia, o processo de discussão era moroso, ineficaz e foram sendo criadas instâncias burocráticas especializadas para tratar dos assuntos normalmente discutidos em Cortes.<br /><br />Nem sequer pode afirmar que se aboliram as cortes. Em França deixaram-se de realizar os Estados Gerais, mas os parlamentos regionais continuavam a realizar-se com regularidade. No caso espanhol passa-se o mesmo, nas circunstâncias deles. Em Portugal, as Cortes deixam de ser necessárias com a criação dos vários tribunais especializados para os quais os concelhos enviavam directamente as suas questões com a Coroa.<br /><br />O organicismo estrutural da monarquia prende-se à capacidade de os orgãos funcionarem sem alterações profundas do ethos do regime político. Ora, isso não se deu, houve uma substituição burocrática das funções das Cortes.Manuel Marques Pinto de Rezendehttps://www.blogger.com/profile/18265528253922767869noreply@blogger.com