Uma das características da Esquerda é a negação da realidade; mas não é apenas uma simples recusa: a Esquerda odeia a realidade porque o mal existe. A Esquerda quer um mundo perfeito, isento de mal. E enquanto existir mal no mundo, a realidade do mundo é objecto de ódio por parte da Esquerda.
Temos aqui um exemplo concreto do que se pretende dizer. A ideóloga feminista espanhola do partido “Podemos”, Beatriz Gimeno, critica os conselhos do Ministério do Interior espanhol em relação às mulheres em geral, para que se evitem as violações:
“Mude de itinerário de vez em quando; feche as janelas da sua casa; não passeie de noite por ruas solitárias, nem só nem acompanhada; antes de estacionar o seu carro, olhe em seu redor para ver se há pessoas suspeitas.”
Beatriz Gimeno compara estes conselhos do Ministério do Interior espanhol aos conselhos que o dito dá aos alvos de terrorismo:
«Aquel que recomendaba a concejales o políticos vascos que miraran los bajos de su coche antes de subirse al mismo, se parece mucho a este otro: “Antes de subir a su vehículo observe su interior. Podría encontrarse algún intruso agazapado en la parte trasera”.»
Verifica-se que, na Esquerda, tudo é reduzido à política pura e dura, incluindo a ética e a moral (e até a arte!). Enquanto que o terrorismo basco (por exemplo) é um problema político (nacionalismo basco), a violação das mulheres é, em primeiro lugar, um problema ético e moral: nem sequer é um problema cultural que possa ser eliminado, porque sempre existiram violações de mulheres em todas as culturas, e ainda hoje existem. Portanto, a comparação entre o terrorismo e a violação de mulheres é absurda; é comparar alhos com bugalhos.
A Esquerda em geral, e o feminismo em particular, não aceita o facto de — em juízo universal — o homem ser fisicamente mais forte do que a mulher. Esse facto é recusado com repugnância pelo feminismo. A ideia da super-mulher, consubstanciada na canção de 1972 “I'm A Woman” de Helen Reddy continua a construir o mito psicótico esquerdista da “super-mulher invencível” fisicamente em relação ao homem.
A ideia segundo a qual é possível construir um mundo perfeito em que nenhuma mulher será violada se caminhar, a altas horas da madrugada, em uma rua recôndita e solitária de uma grande cidade — não é apenas utopia: é doença mental grave, é psicose aguda. Não é apenas a negação do mundo: é ódio em relação ao mundo. É a “Grande Recusa” do marxismo cultural da Escola de Frankfurt. Essa gente deveria estar internada em um manicómio, e não estar na política activa.
Adenda:
A forma mais eficaz de reduzir — mas nunca eliminar totalmente, porque isso é impossível — as violações de mulheres é adoptando uma mundividência exactamente oposta à do feminismo e à da Esquerda contemporânea libertária, que têm em comum uma visão ultra-individualista do ser humano, baseada no conceito de “autonomia” desprovida de responsabilidade.
A felicidade (a “vida boa”) do sujeito prático (do cidadão concreto) supõe o reconhecimento social da sua dignidade de cidadão, ou seja, a sua capacidade de manifestar publicamente a sua liberdade. Porém, essa capacidade de manifestação pública de liberdade terá que estar sujeita ao critério de “bem comum” (Direito Natural) que pressupõe uma correlação e concepção positiva [a participação na vida pública] e não negativa da liberdade (ver “liberdade negativa”), e por outro lado pressupõe uma ontologia holista e não atomista — ou seja, uma ontologia que não considera o ser humano como uma realidade primeira que seria inteligível independentemente do domínio social.
Ora, o libertarismo de esquerda e o feminismo, por um lado, e o liberalismo de direita, por outro lado, adoptam uma concepção atomista da sociedade (individualismo exacerbado), como se o ser humano fosse uma realidade primeira inteligível independentemente do domínio social.
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