sábado, 25 de abril de 2015

Igualdade e desigualdade na economia

 

“Um exemplo simples: numa economia com 10 pessoas, onde todas ganham 1000€, se uma ganhar o Euromilhões o coeficiente de Gini dispara a instala-se a pândega da desigualdade. Isso é mau para o crescimento económico? Não. Isso significa que todas as desigualdades são neutras em termos de crescimento económico? Não sabemos bem. O que sabemos com toda a certeza é que ninguém alguma vez escreveu que a desigualdade é boa por definição.”

Histórica económica portuguesa

Não é verdade. Platão e Aristóteles (principalmente este último), por exemplo, escreveram, preto no branco, que a desigualdade é boa por definição.

Aliás, foram ambos absolutamente consequentes e a suas éticas apresentam um todo coerente. Podemos não concordar com eles, mas não porque sejam incoerentes. A diferença entre eles e o conceito moderno de “desigualdade” estabelecido pelo marginalismo, é que este despiu a economia de qualquer tipo de ética, ou reduziu a ética ao subjectivismo — ao passo que a ética desigual de Aristóteles era racionalmente fundamentada, por mais que cause repulsa a muita gente.

O Iluminismo pode ser resumido em um conceito: retirada da ética da economia.

“A desigualdade injusta não se cura com igualdade, mas com desigualdade justa” — Nicolas Gomez Dávila. Este conceito de “desigualdade justa” reflecte a reforma cristã do aristotelismo, por um lado, e por outro lado baseia-se no conceito aristotélico de “equidade” que não é a mesma coisa que “igualdade”.

Se fundamentarmos racionalmente a “desigualdade”, esta torna-se inteligível e assume uma forma lógica. O que não podemos é defender o conceito subjectivo de “desigualdade” imposto pelo marginalismo, por Hayek e pela escola de Chicago, que se aproxima do social-darwinismo.

Se a desigualdade é justa, é sempre boa para a economia; mas para ser justa, a desigualdade tem que se basear em uma ética universal (e não subjectivista), e por isso racionalmente fundamentada.

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