terça-feira, 6 de janeiro de 2015

Exemplo de Non sequitur

 

O Domingos Faria escreve do seu blogue:


1/ Se o determinismo é verdadeiro, então as nossas acções são consequências das leis da natureza e de acontecimentos que ocorreram num passado remoto.

2/ Mas tanto as leis da natureza como aquilo que aconteceu antes de termos nascido não dependem de nós.

Logo, as consequências destas coisas (incluindo os actos que realizamos agora) não dependem de nós.

Este silogismo pretende reduzir ao absurdo o determinismo, na medida em que o próprio determinista acaba por não poder determinar nada — inclusivamente não pode determinar o próprio determinismo que ele defende. 

Porém, as leis da natureza conhecidas pelo Homem — porque não podemos excluir que existam leis da natureza que o Homem não conheça — não são 100% certas ou infalíveis.

Portanto, a premissa maior parte de dois princípios implícitos (modus ponens) que são errados: 1/ que as leis da natureza conhecidas pelo Homem são todas as que existem (a ciência não pode provar que uma coisa, ou um fenómeno, ou uma lei, não existe); e 2/ que as leis da natureza conhecidas são 100% certas na sua determinação de efeitos — o que não é verdade, porque as leis da natureza constatadas pelo Homem baseiam-se na experiência realizada no passado, e porque as leis da natureza conhecidas são causadas pela entropia da força da gravidade que tem na sua base o indeterminismo endógeno descoberto e até hoje não refutado pela física quântica.

Segue-se que, porque a premissa maior é falsa nos seus pressupostos (no seu fundamento), a premissa menor (que depende da primeira, ou é consequência lógica da premissa maior) também é falsa. Logo, a conclusão é falsa. Obviamente que não podemos provar que o contrário da conclusão é verdade, mas isso não retira a falsidade à conclusão.

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