“A análise da experiência real NÃO É a mesma coisa que a análise lógica das proposições que imperfeitamente a expressam.
Na análise da experiência real levamos em conta sensações e estados interiores que nem mesmo saberíamos traduzir em palavras, mas que estão vivos na nossa memória.
Reduzir a filosofia a análise de proposições é o mesmo que imaginar que decorar a lista telefónica é conhecer todas as pessoas.”
→ Olavo de Carvalho, no FaceBook
Neste contexto, aquilo a que Olavo de Carvalho chama de “experiência real” é a experiência subjectiva. Mas para que a experiência subjectiva passe a ser intersubjectiva (ou seja, passe a ser objectiva), temos que recorrer a símbolos que contêm em si mesmos uma qualquer axiomática que confere ao símbolo uma representação ou um representado — ou seja, os símbolos têm que ter, subjacente a eles, um qualquer nexo lógico implícito.
A filosofia não é uma narrativa literária ou poesia, em que os escritos do autor podem ser facilmente interpretados conforme a subjectividade de cada leitor. Por exemplo, se lermos alguns poemas de Fernando Pessoa, em cem pessoas podemos encontrar outras tantas interpretações diferentes desses poemas — porque a poesia é filosofia sem lógica.
Esta é uma das razões por que Heidegger ou Nietzsche, por exemplo, são menos filósofos do que literatos: uma boa literatura não significa “filosofia” propriamente dita.
O que eu fiz aqui foi uma análise das proposições supracitadas de Olavo de Carvalho. Isso não significa que eu tenha reduzido a filosofia à análise de proposições: significa que, sem a análise de proposições, a “filosofia” é pura literatura.
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