quarta-feira, 4 de fevereiro de 2015

David Marçal, Carlos Fiolhais, e a homeopatia

 

Em relação a este artigo publicado no Rerum Natura por David Marçal e Carlos Fiolhais, digo o seguinte:

1/ tenho muitas reservas acerca da visão científica desses dois senhores: servem-se do método científico para defender um pensamento dogmático baseado em paradigmas imobilistas que pretendem petrificar a ciência em conformidade com as suas crenças pessoais, políticas e subjectivas. Fazendo uma analogia: esses senhores desempenham hoje o papel da Igreja Católica da Idade Média em relação a Galileu: defendem dogmaticamente um paradigma.

2/ pelo exemplo daqueles dois senhores, devemos duvidar — no sentido da “dúvida metódica”, e não no sentido da “dúvida céptica” — da ciência: eles representam a normalidade científica actual que se confunde com o cientismo.

Quando vemos que a ciência se fecha em si mesma e se dogmatiza, mas ainda assim defende o método científico para “salvar as aparências”, e pior, serve de arma de arremesso político e ideológico — temos a obrigação de duvidar dela.

3/ parece-me claro que a homeopatia não obedece a critérios objectivos de verificação. A homeopatia não é falsificável. Portanto, não podemos dizer que a homeopatia faz parte da ciência.

Mas isso não significa necessariamente que todos os aspectos da homeopatia não mereçam investigação científica. E é esta negação dogmática, radical e irracional em relação a todas as áreas da homeopatia que caracteriza o David Marçal e o Carlos Fiolhais. Por exemplo, em relação a Jacques Benveniste, existem alguns desenvolvimentos: o que está em causa é não considerar a ciência como uma área fechada em função de crenças ideológicas, políticas, ou outras.

15 comentários:

  1. Boa noite

    Quanto ao ponto 1 e 2 em que os cientistas são acusados de pensamentos dogmáticos e de mentes fechadas, apenas tenho uma questão: como é que alguém que acredita na mecânica quântica pode ser considerado uma mente fechada? O que é a mecânica quântica? Ninguém tem a certeza, portanto podes ver quão aberta é a nossa mente.

    Quanto ao último ponto apenas quero dizer 2 coisas: uma é que os cientistas têm a mente aberta, o problema são as coisas mal justificadas. O segundo é que se queres fazer uma investigação científica, não podes começar pelo fim. Tu não podes pegar nas conclusões e depois tentar encontrar factos que comprovem as tuas conclusões. Tens de olhar para os resultados e os factos e daí tirar as tuas conclusões. O problema é que eles concluem que quanto mais diluída é uma solução homeopática, mais forte ela é. E a seguir vão procurar factos que comprovem essa conclusão. Isto não é ciência, e é por isso que os cientistas não aceitam.

    Cumprimentos
    Ricardo Teixeira

    ResponderEliminar
    Respostas


    1. 1/ O Carlos Fiolhais (e os outros) coloca sérias reservas a alguns conceitos da quântica, porque ele, como os outros no Rerum Natura, são neo-empiristas (ver no Google “neo-empirismo”). Tudo o que seja formalismo matemático que pretenda prever uma futura verificação empírica, não entra muito bem naquelas cabeças. Normalmente, os cientistas têm também uma boa dose de realismo, mas não é o caso: ali impera o positivismo.

      2/ muitos aspectos da quântica foram testados com aparelhos, e portanto não podemos falar em “crença” no sentido de acreditar como quem acredita em gambozinos. Que diabo, quando escrevemos um comentário devemos saber minimamente do que estamos a falar.

      3/ você quer dizer que o problema é o de que “as coisas são mal justificadas”. E como “as coisas são mal justificadas”, colocam-se de lado. O que acontece muitas vezes, ao longo da História, é que as coisas são categorizadas como mal justificadas e depois, muito tempo mais tarde, verificou-se que o problema não era justificação: era da mentalidade da maioria dos cientistas.

      Por exemplo, baseando-se apenas em cálculos matemáticos, Alan Turing descobriu em 1952 o modelo biológico em que dois químicos — um activador e um inibidor — se interagem para formar a base dos padrões de cores, desde as asas das borboletas até às riscas das zebras. E tudo isto muito antes de se descobrir a estrutura do ADN. A comunidade científica de 1952 disse que “as coisas são mal justificadas”, e a teoria de Turing foi posta de lado.

      http://phys.org/news/2012-04-turing-proteins-decades-old.html

      Segundo a sua concepção de ciência, Turing começou pelo fim; logo, ele não tinha razão. O teu comentário é muito útil porque demonstra a forma de pensar da ciência actual.

      Porém, no que diz à teoria de evolução darwinista, a ciência faz exactamente o que você diz que não se pode fazer: pega em conclusões da teoria e procura os factos que a corroborem, e isto desde o tempo de Ernst Haeckel.

      A diferença entre Haeckel e Turing é a de que este último se baseou no formalismo matemático para conceber as suas teorias, ao passo que o primeiro se baseou em uma concepção ideológica materialista do universo. Turing foi um matemático; Haeckel foi um ideólogo.

      4/ eu já afirmei que a homeopatia é o que é — leia o texto! O problema é o de que nem tudo na homeopatia não merece investigação.

      Eliminar
  2. 1. Acusa os autores de dogmatismo por apontarem as fraquezas nos argumentos, esses sim dogmaticos, do homeopata a que se refere...
    Porque e que toda a gente que decide defender um charlatao tem de o comparar a Galileu?
    2. Precisamente! De facto, os autores estao a aplicar essa duvida metodica a uma serie de afirmacoes que pretendem apoiar a homeopatia, mas se resumem a uma mistura de insultos, apelos a emocao e argumentos de autoridade.
    "Cientismo" e um papao invocado por toda a gente que quer evitar que as suas ideias sejam discutidas e testadas.
    3. "Parece-me claro que a homeopatia não obedece a critérios objectivos de verificação. A homeopatia não é falsificável"
    A homeopatia faz uma serie de afirmacoes sobre a sua capacidade de tratar pacientes. Isso e por definicao falsificavel - podem quantificar-se os pacientes que melhoram quando tratados com medicamentos homeopaticos e comparar com pacientes que sao tratados com placebos e com aqueles que nao sao tratados. E de facto isso ja foi feito repetidamente - ao ponto de haver aquilo a que se chama um meta-estudo que pega nos resultados de todos os estudos clinicos para fornecer uma resposta com mais certeza estatistica. O efeito de tratamento homeopatico e estatisticamente indistinguivel do efeito de placebos (ou seja, agua com acucar). Alem disso, varios homeopatas fizeram uma serie de propostas acerca da quimica e fisica da agua que sao testaveis - por exemplo, que a estrutura da agua liquida e estavel que chegue para conservar informacao estrutural do que tinha contido. Os estudos mais recentes confirmam que a agua tem uma estrutura complexa, mas que se reorganiza constantemente, nao permitindo essa estabilidade.
    Faz mencao aprovadora de Benveniste e da tentativa descarada de Montagnier de usar a sua autoridade para impor dogmaticamente as suas ideias. Isso e um pouco ironico...

    ResponderEliminar
    Respostas


    1. Vamos começar pela última parte do seu comentário que é a única coisa importante. Quando você diz que “a homeopatia é falsificável”, você está errado e eu vou explicar por quê.


      DEFINIÇÃO:

      A falsificabilidade é o carácter das teorias científicas que são sempre e por natureza susceptíveis de serem refutadas pela experimentação científica, mas que nunca podem ser definitivamente confirmadas ou corroboradas.

      ¿A teoria do éter, quando surgiu, era falsificável? Não era! Mas foi adoptada pela ciência. Só quando Michelson e Morley mediram a velocidade da luz, a teoria do éter passou a ser considerada falsa.

      Mesmo a hipótese de contracção de Lorentz não aumentou o grau de falsificabilidade da teoria do éter. Lorentz sugeriu que todos os corpos na Terra se submetem a uma contracção momentânea na direcção do movimento da Terra através do “éter circundante”.

      Com a adição desta hipótese, Lorentz explicou o resultado da experiência de Michelson e de Morley — que mostraram que a velocidade a que a luz se desloca é a mesma em todas as direcções na superfície terrestre. Este resultado experimental era inconsistente com a teoria do éter, segundo a qual a velocidade a que a luz se desloca deveria ser mais baixa na direcção do movimento da Terra através do éter, do que numa direcção perpendicular a este movimento. A hipótese da contracção de Lorentz estabeleceu a concordância entre a teoria e a experimentação, mas fê-lo de uma forma deficitária porque subjectiva.

      Popper deu o exemplo da hipótese de Lorentz (The Logic of Scientific Dsicovery) como uma hipótese que deveria ser excluída da ciência empírica pelo critério da falsificabilidade.

      SILOGISMO

      Quando nós lidamos com a subjectividade dos seres humanos, essa subjectividade não é falsificável; só é falsificável aquilo que é objectivo. A homeopatia lida com a subjectividade dos seres humanos (placebo). Logo, a homeopatia não é falsificável.

      De nada vale você vir com o argumento das estatísticas — até porque as estatísticas são baseadas no passado, e você não pode ter a certeza absoluta de que as conclusões que você tirou das estatísticas se aplicarão no futuro, a não ser que você seja uma espécie de Deus.

      Ninguém disse aqui que “a homeopatia se distinguia do efeito placebo”. O que se disse é que a homeopatia não é falsificável e que não é passível de verificação. O vosso erro é o de considerar a homeopatia como uma teoria científica que não é.

      Eliminar


    2. Como é que a ciência “explica” o surgimento do sistema imunitário? Como é a que ciência explica o surgimento do olho? Como é que você explica o surgimento dos cílios longos ou “flagelares”? Como é que você explica a coagulação do sangue?

      Dei-lhe apenas alguns exemplos, para não o maçar. Quando você me explicar, eu vou acreditar que nem você, nem o Carlos Fiolhais, e nem o David Marçal são dogmáticos em relação à teoria da evolução de Darwin.

      Ah! E não vale dizer que a ciência vai explicar isso tudo daqui a meia dúzia de milhões de anos...

      Eliminar
    3. Caro Orlando,
      Pode brincar com definicoes tanto quanto quiser, apesar de me custar ver o abuso das ideias de Popper (que, ja agora, nao sao nem uma descricao completa do processo cientifico, nem tem forca prescritiva sobre ele).

      A DEFINICAO de falsificabilidade como usamos em ciencia e muito mais simples e menos ambigua que a sua: uma hipotese e falsificavel se os factos que assevera ou a relacao causa-efeito que propoe podem ser observados ou testados. So isso. Por esta definicao a homeopatia e uma hipotese falsificavel.

      As suas objeccoes a diagnosticos objectivos e a estatisticas revelam uma profunda incompreensao do modo de funcionamento da ciencia. Todas as leis cientificas sao essencialmente estatisticas: sumarios de observacoes repetidas no passado. Assim, se recusa as estatisticas dos estudos clinicos por dizerem respeito ao passado, tem logicamente de rejeitar toda a ciencia. Ao evocar a subjectividade humana como uma especie de amuleto magico contra diagnosticos objectivos esta tambem a deitar fora a matematica, que assenta na objectividade e universalidade das regras de logica! E, evidentemente, livre para tomar essa posicao, mas mantenha em mente que faze-lo consistentemente envolve rejeitar tambem os artefactos que provem da ciencia - como a Internet...

      Quanto as suas perguntas (tiradas de um qualquer site criacionista, evidentemente) - sao ainda mais reveladoras. Compreende que a ciencia e um processo de descoberta e teste, e nao sabedoria revelada? Se de facto estas perguntas partem de uma curiosidade ardente quanto a processos evolucionarios, sugiro que comece por ler alguns livros basicos de biologia para perceber o que e uma arvore filogenetica e como e que os genes codificam proteinas, e procure depois os artigos mais recentes quanto a cada campo (nao estava a espera que lhe escrevesse aqui uma discussao detalhada de cada assunto, imagino?).

      Mas enfim, esta a referir-se ao velho e entediante conceito de "complexidade irredutivel". O que e interessante e que em todos os casos que referiu conhecem-se especies que tem apenas parte do tal sistema "irredutivel".

      Eliminar


    4. Agora, você já desclassifica Karl Popper — depois de desclassificar um prémio Nobel como sendo um “charlatão”. Presunção e água benta...

      Você não pode testar ou observar uma teoria cujo princípio é subjectivo por natureza!. Você parece que não sabe a diferença entre universal de lei, por um lado, e universal acidental, por outro lado.

      Por exemplo, dois silogismos:

      1/ todas as chamas que queimam bário são verdes;
      2/ esta chama queima bário;
      3/ logo, segue-se que esta chama é de certeza verde.

      Temos aqui um universal de lei.

      1/ todas as moedas que estão no meu bolso contêm cobre;
      2/ isto é uma moeda que está no meu bolso;
      3/ esta moeda contém cobre.

      Temos aqui uma generalização meramente acidental (universal acidental).

      Em homeopatia qualquer generalização é acidental. Por isso é que os homeopatas fazem medicamentos “à medida” do cliente. Uma generalização acidental não faz parte da ciência porque não é falsificável. No caso da homeopatia, a generalização acidental é determinada por um princípio subjectivo, o que torna ainda mais problemática qualquer tentativa de a falsificar.

      O vosso equívoco está em considerar a homeopatia como uma falsa teoria científica (positivista), quando a homeopatia não é teoria científica, nem verdadeira nem falsa.

      Se você me perguntasse se eu tomaria medicamentos homeopáticos, responderia que não, porque sou um céptico por natureza — e só por essa razão, porque não há outra razão senão uma crença para seguir a homeopatia. Porém, custa-me a crer que um grupo de auto-iluminados considere e classifique um prémio Nobel de “charlatão”. Há alguma coisa que não bate certo...

      Você entra na falácia do espantalho, ou propositadamente ou porque você não entendeu o que eu quis dizer. Eu não disse que as estatísticas não são importantes para a ciência (quando se fala de “ciência”, aqui, fala-se de positivismo). O que eu disse ou quis dizer é que você não pode tratar estatisticamente um universal acidental que se baseia em um princípio subjectivo. Quando você não compreende uma coisa tão simples, entra em dogmatismo.

      A sua posição em relação à ciência é dogmática, porque você não consegue compreender a possibilidade de existência de teorias intersubjectivas que não se possam inserir no contexto do positivismo. A ciência é vista por você como um rolo compressor que aplana as subjectividades (excepto a sua e a dos positivistas, bem entendido!).


      Eliminar
    5. > Agora, você já desclassifica Karl Popper — depois de desclassificar um prémio Nobel como sendo um “charlatão”.
      Ja vi que nao se deu ao trabalho de ler o que escrevi, ou decidiu conscientemente distorcer as minhas palavras.

      > Você parece que não sabe a diferença entre universal de lei, por um lado, e universal acidental, por outro lado
      Compreende que em ciencia (ao contrario, pelo que parece, de filosofia), a historia das ideias de logica nao acabou com Aristoteles? Mas por quem seja, esteja a vontade para me explicar logica de liceu da maneira mais condescendente possivel!

      > Temos aqui uma generalização meramente acidental
      A serio? Eu vejo um silogismo. Se nao sabe a diferenca entre inducao e deducao, esta explicacao nao me vai servir de muito...

      > Em homeopatia qualquer generalização é acidental.
      Um exemplo de generalizacao "de lei" feita pelas associacoes homeopaticas: o tratamento homeopatico (aplicado por medicos homeopatas licenciados) e capaz de curar doencas e melhorar o estado de saude dos pacientes. Ve alguma coisa de acidental aqui?

      > um grupo de auto-iluminados considere e classifique um premio Nobel de "charlatao".
      Esse terrivel grupo incluia varios premios Nobel de direito proprio. Muitos deles tinham mais experiencia que ele na area em que ele publicou o artigo de que os homeopatas gostam tanto, em que afirma ter visto DNA a teleportar-se espontaneamente, e rapidamente descobriram uma serie de falhas elementares (como por exemplo nao ter excluido apropriadamente fontes de contaminacao). Portanto, quando se revolta tanto com o desrespeito a um premio Nobel, esta de facto a desrespeitar varios outros premios Nobel.

      > Voce entra na falacia do espantalho [...] A sua posicao em relacao a ciencia e dogmatica
      Isto vindo do homem que me poe repetidamente palavras na boca, me acusa de insultar as autoridades que invoca por nao as aceitar dogmaticamente, tentar continuamente impor definicoes que nao sao de todo as definicoes comuns e exige que sejam aceites sem questao, e tenta continuamente reduzir as minhas objeccoes a uma posicao mais facil de atacar (positivismo).

      > voce nao consegue compreender a possibilidade de existencia de teorias intersubjectivas.
      Para alguem que repete varias vezes variacoes de "voce nao compreende", "voce nao consegue compreender", "voce nao entendeu", e *voce* que nao parece compreender que a existencia de processos subjectivos ou intersubjectivos (nao podia so chamar-lhe efeitos psicologicos, claro, isso tiraria o aspecto impressionante as suas afirmacoes) exclui que estes tenham consequencias objectivas. Por exemplo, ao ver-me confrontado com as suas respostas condescendentes, passo por um processo subjectivo - decido se vou perder 10 minutos a responder. Mas a minha decisao tem consequencias objectivas e mensuraveis.

      Eliminar


    6. O que eu escrevi no comentário anterior não tem especificamente a ver com a lógica de Aristóteles, mas antes têm a ver com o Reconstrucionismo Lógico da Ciência, nomeadamente com Percy Williams Bridgman (1882 – 1961) e com Ernest Nagel (1901 – 1985).

      Não sei se você sabe quem foram estes dois homens, mas se não souber não compre livros porque é uma maçada ler muitas páginas: em vez disso, vá à Wikipédia saber umas coisas para depois brilhar entre os ignaros.

      Você é mais limitado intelectualmente do que eu pensei no início, porque não percebeu a diferença entre os dois silogismos. Por um lado fico satisfeito por saber o nível intelectual dos pupilos de Carlos Fiolhais e/ou de David Marçal. O rei vai nu. Não têm pernas para andar.


      “Um exemplo de generalizacao "de lei" feita pelas associacoes homeopaticas: o tratamento homeopatico (aplicado por medicos homeopatas licenciados) e capaz de curar doencas e melhorar o estado de saude dos pacientes.”

      ¿Você é capaz de provar que esta proposição é invariavelmente falsa? Você sabe o significa “invariavelmente”?

      Se a proposição — “o tratamento homeopático é capaz de curar doenças e melhorar o estado de saúde dos pacientes” — não é invariavelmente falsa, ¿isso significa que tenha que ser invariavelmente verdadeira?

      ¿Ou será que a prova da proposição depende apenas do seu desejo? Se você acha que o seu desejo deve comandar a realidade, ¿em que é que você se distingue dos homeopatas?

      ¿É verdade ou não que o efeito placebo melhora a condição do doente, ou mesmo cura? Porque é que você não ganha juízo ou aprende qualquer coisa em vez de seguir caninamente os seus gurus? Porque é que você não pensa pela sua própria cabeça?

      Já perdi muito tempo consigo, embora o tempo perdido possa eventualmente ser útil por quem aqui passe.

      Eliminar
  3. Boa tarde,

    eu não sei se percebi muito bem o que quis transmitir. Fala que os dois cientistas sucumbem às suas crenças pessoais e asfixiam a ciência propriamente dita quando à homeopatia diz respeito ???
    Eu coloco-lhe algumas questões :
    Como explica a chegada e estabelecimento no mercado de "medicamentos" homeopáticos ?
    Onde está a prova que eles funcionam ?
    Acha bem que se permita a venda de um produto sem sustentação cientifica, pelo menos da forma que ela está estabelecida hoje em dia ?
    E já agora, gostaria de saber a sua ideia para mudar este paradigma tão trágico !!!


    Cumprimentos,


    Rui

    ResponderEliminar
    Respostas



    1. “Como explica a chegada e estabelecimento no mercado de "medicamentos" homeopáticos ?”

      O que vos preocupa é o mercado (o dinheiro). Se ninguém desse um cêntimo pelos medicamentos homeopáticos, você estaria mais calmo.

      ¿Como é que você explica que uma pessoa possa estar em coma durante doze anos e acordar bem-disposto? A ciência explica isso? Claro que não!

      http://goo.gl/75ES3N

      “Acha bem que se permita a venda de um produto sem sustentação cientifica, pelo menos da forma que ela está estabelecida hoje em dia ?”

      A ciência não explica tudo. O cientismo é atitude intelectual que se desenvolveu a partir da segunda metade do século XIX e que concede um valor absoluto ao progresso científico. O cientismo concede à ciência o monopólio do conhecimento verdadeiro e atribui-lhe a capacidade de resolver progressivamente o conjunto dos problemas que se apresentam à Humanidade. A noção de cientismo foi fundada por Augusto Comte, com o Positivismo.

      A MUDANÇA DE PARADIGMA

      ¿O que é um paradigma?

      É a visão do mundo ou mito fundador de uma comunidade científica particular, num momento preciso da sua história, que serve de modelo de referência e que inaugura uma nova tradição na disciplina.

      ¿A ciência pode mudar de paradigmas? Pode! Já o fez várias vezes.

      Mas eu não lhe vou dizer quais são as possibilidades de mudança de paradigma. Crie um blogue, mostre a sua cara e não se esconda nos comentários, e depois critique este meu blogue. Terá resposta aberta e clara.

      Eliminar
    2. Obrigado pela sua resposta.
      Agradeço também toda a informação e história que transmitiu embora eu também saiba procurar e ler definições se assim o entender.
      Primeiro, em relação à história do coma eu diria que a ciência não explica por enquanto... Esta avança sempre na mesma direcção e autocorrige-se, por isso será cedo para especular. Poderá perguntar-me que o mesmo acontece com a homeopatia e por essa mesma razão, não lhe deverá ser dado crédito e muito menos acesso ao mercado enquanto não prestar provas !!!

      A minha questão não está relacionada com o custo ( no mínimo inflacionado) destes tais "medicamentos". A minha questão prende-se com o facto destes produtos chegarem ao mercado facilmente quando outros têm de passar por testes e mais testes e ensaios clínicos durante pelo menos 10 anos e com uma pequena condição, provas !
      Onde estão afinal as provas de que tais produtos funcionem ? Perguntei-lhe a sua opinião sobre esse tópico e não me respondeu. Lançou para o ar definições e história quando nada disso lhe pedi...
      Eu mostro-lhe a minha cara quando quiser... Mas gostaria de saber o porquê de não mostrar a sua alternativa. Agora preciso criar um blogue para poder falar ou questionar as suas afirmações ??? Não estará a ficar preso nas suas convicções pessoais e crenças, o mesmo "problema" pelo qual "atacou" os autores Carlos Fiolhais e David Marçal ???

      Eliminar


    3. Muitas vezes as definições incomodam porque situam as conversas em contexto correcto.

      “em relação à história do coma eu diria que a ciência não explica por enquanto”

      Bem sei. Daqui a 3 milhões de anos a ciência vai explicar, por exemplo, o surgimento do sistema imunitário. O que é preciso é ter fé.

      O que eu digo, em relação à homeopatia (por favor ler o que está escrito e não caia na falácia do espantalho) não é que a homeopatia pertença à ciência. Repito: a homeopatia não pertence à ciência. O que eu digo é que há DETERMINADAS áreas “exploradas” pela homeopatia que merecem investigação científica. ¿É tão difícil de ler o texto que eu escrevi?!

      Pessoas como o Carlos Fiolhais e o David Marçal “deitam o bebé fora com a água do banho”, e fazem isso por razões ideológicas e não propriamente científicas. Foi isto que eu quis dizer: aliás basta ler o texto.

      Em relação aos medicamentos, veja o seguinte:

      1/ os critérios que subjazem à produção dos medicamentos químicos não são os mesmos dos medicamentos homeopáticos. Estamos a falar de coisas diferentes. Ora, o problema surge quando você mistura coisas que não são misturáveis.

      Veja bem: é um facto insofismável que a homeopatia se baseia no efeito placebo. Por isso é que eu escrevi que a homeopatia não é falsificável, porque se baseia em um princípio subjectivo. Portanto, aqui parece que estamos de acordo.

      Sendo que a homeopatia se baseia no efeito placebo, não podemos dizer que existem medicamentos no sentido químico do conceito de “medicamento”. É aqui que está a confusão.

      ¿O que é um medicamento? É uma substância que, devidamente manipulada, se aplica ao organismo doente com o fim de o curar.

      ¿O efeito placebo cura? Sim, em alguns casos, por acção subjectiva.

      ¿O efeito placebo é objectivo? Não! Age na área da subjectividade da pessoa. Em alguns casos resulta a cura, e noutros não resulta.

      ¿Podemos dizer que os medicamentos placebo (homeopatia) são “medicamentos”?

      Sim, mas não no sentido convencional e químico do termo.

      Os medicamentos químicos baseiam-se no princípio da verificação e demonstração, ou seja, são medicamentos que são produzidos segundo o método científico positivista.

      Os medicamentos placebo (homeopatia) baseiam-se na indução de esperança subjectiva de cura, independentemente do conteúdo químico desses medicamentos.

      Portanto, estamos a falar de coisas diferentes, e não podemos ver o placebo da mesma forma que vemos o químico.

      Agora leia este artigo:

      “El efecto placebo funciona mejor si el fármaco es caro”

      http://goo.gl/Gsnxcq

      “Los medicamentos crean expectativas de curación en los pacientes. En numerosas ocasiones, estas esperanzas producen una mejoría similar o mayor a la que producen los fármacos, lo que se conoce como efecto placebo. Un nuevo estudio, llevado a cabo por investigadores de la Academia Estadounidense de Neurología en enfermos con Parkinson, indica que este efecto es mayor cuando el precio de los remedios es elevado. El artículo ha sido publicado en la revista de la academia, American Academy of Neurology.”



      Eliminar
  4. Deixe-me ver se eu percebi então.
    "O que eu digo é que há DETERMINADAS áreas “exploradas” pela homeopatia que merecem investigação científica".
    Muito bem, importa-se de clarificar, quais áreas então ?

    " os critérios que subjazem à produção dos medicamentos químicos não são os mesmos dos medicamentos homeopáticos. Estamos a falar de coisas diferentes. Ora, o problema surge quando você mistura coisas que não são misturáveis."

    Gostava que se pudesse explicar melhor, está a querer dizer que na produção de "medicamentos" homeopáticos são usados outros critérios de avaliação da qualidade/viabilidade destes ? Sendo assim gostava de saber em que se baseiam, elucide-nos por favor !
    E não seriam merecedores de tal designação, regulamentação e abordagem diferentes ? Porquê então usá-los no contexto tradicional de medicamento, tal como nós conhecemos ?

    Se a homeopatia de baseia no efeito placebo, memória da água e no principio pelo qual aquilo que nos causa dano, poder ser usado na própria cura explique-me:

    Porque não classificá-lo de placebo apenas, visto que os últimos dois aspectos não têm qualquer validade cientifica...?
    É que eu bem sei que o efeito placebo existe e está mais que comprovado ( também sei que é subjectivo e um dos aspectos é mesmo o preço ). Acha correcto então que se cobrem balúrdios por água e açúcar ? Ou está a legitimar que se faça sob a premissa que até pode aumentar a eficácia do efeito placebo assim que o consumidor se aperceber que é mais caro que medicamento X ou Y ???


    Por último tenho-lhe a dizer que fé não é comigo, como creio que também não seja o seu caso. Mas acho no mínimo de baixo nível usar a expressão que eu usei " em relação à história do coma eu diria que a ciência não explica por enquanto " e ridicularizá-la dizendo que daqui a milhões de anos se saberá.
    Como deve entender a ciência é lenta, mas como lhe disse autocorrige-se e toma sempre a forma mais sólida possível no momento. Portanto é de facto de afirmar que possivelmente a ciência evoluirá de modo a explicar o que quer que seja.
    É também possível que daqui a milhões de anos ( talvez 1,55 ) a homeopatia tenha algum efeito comprovado para além de placebo.
    E já agora uma pequenina pergunta, se a ciência não vai explicar o acordar do coma, o que acha que o explica ?
    É que se for religioso ainda tem uma alternativa ténue, se for homem de razão ( como penso que é) estou curioso para saber sua hipótese.

    ResponderEliminar
    Respostas

    1. Aviso que esta conversa não se ira prolongar ad Aeternum.

      Em relação à sua primeira pergunta:

      Penso que o ostracismo em relação a Benveniste é um fruto de um paradigma preconceituoso e marcado por uma ideologia que vê a ciência de uma forma limitada. Este assunto não cabe num comentário. O que eu penso é que um prémio Nobel não pode ser tratado como um impostor salvo fortes provas em contrário. A forma como tratam Montagnier demonstra preconceito negativo e dogmatismo.

      Carlos Fiolhais e David Marçal estão para a ciência como Jerónimo de Sousa está para o marxismo.

      Em relação à sua segunda questão:

      Os medicamentos placebo são baseados em um critério que se baseia na organização do conjunto das crenças dos doentes. É isto que você não compreende e possivelmente nunca compreenderá enquanto tiver Carlos Fiolhais e o outro como gurus: o ser humano tem uma subjectividade que o positivismo nega.

      O problema de Carlos Fiolhais é o subjectivismo. Problema dele!

      Eu não falei em “memória de água”. Você é que falou, e disse que eu falei. Falácia do espantalho. O que você sabe já eu me esqueci.

      O que eu disse é que Montagnier — que é um Nobel — não pode ser considerado um charlatão porque o Carlos Fiolhais e o outro têm uma determinada visão da ciência. Terão que existir provas concretas e objectivas de que ele é um charlatão. Não se trata necessariamente de “memória de água”, nem Montagnier usa essa expressão.

      Se você disser a um doente que um medicamento “é faz de conta”, não cura. O efeito placebo só funciona se o doente acreditar que não é meramente placebo. Mas você não percebe isto porque segue os seus gurus que baniram a subjectividade humana.

      Se apresentarmos um placebo ao doente e lhe dissermos que é grátis, que não custa dinheiro nenhum, o doente segue o critério do valor (ver no Google: Marginalismo económico). Ou seja, não lhe dá valor, e por isso não acredita no medicamento. E não acreditando, não cura.

      Quando você me explicar como surgiu o sistema imunitário, o olho, a coagulação do sangue, etc., eu então passo a acreditar que a ciência explica e resolve todos os problemas humanos.

      Eliminar

Neste blogue não são permitidos comentários anónimos.