domingo, 8 de fevereiro de 2015

Richard Dawkins e a consciência

Richard Dawkins on Twitter

 

Por estes dias, deu-me para seguir o Richard Dawkins no Twitter:

“Se cada átomo do teu corpo fosse duplicado, ¿a cópia serias tu?

¿Duas cópias da tua consciência?

¿Depois separar-se-iam as duas cópias à  medida que as respectivas experiências divergissem?”


Nesta mensagem de Richard Dawkins é assinalável a sua (dele) preocupação com o EU (que difere do EGO), por um lado, e com a consciência, por outro  lado. Nem tudo está perdido.

Mas quando Richard Dawkins fala em “duplicação do corpo”, não se refere apenas à  duplicação do ADN: ele quer dizer que a duplicação inclui cada átomo do teu corpo — e uma vez que, para ele, a consciência é um epifenómeno do cérebro — que inclui a consciência.

Parece-me que Richard Dawkins não tem a noção de “identidade”. Devemos demonstrar compreensão e compaixão em relação aos biólogos.

Ser idêntico é ser único, embora possivelmente sob nomes diferentes (por exemplo, o vitríolo é idêntico ao ácido sulfúrico).

Ora, se fosse possível duplicar um corpo humano em todos os seus átomos, o princípio da identidade — “A = A” — estaria colocado em causa: até os cépticos em relação ao princípio de identidade colocam o problema de não existirem duas gotas de água totalmente idênticas em todo o universo; mas o  ateu Richard Dawkins acredita na possibilidade de duplicação atómica total do seu corpo que inclui a consciência.

Se o princípio da identidade está colocado em causa por Richard Dawkins, o princípio da não-contradição e o princípio do terceiro excluído  também estão colocados em causa — diria eu que Richard Dawkins seria budista. Ou melhor: para budista só lhe faltam as penas!

Por outro  lado, Richard Dawkins considera que a identidade de um ser humano é reduzida ao seu conjunto de átomos. Quando o vemos reduzir-se a si mesmo a um conjunto de átomos, quase acreditamos que ele tem razão...!

Segundo Richard Dawkins, o que faria a diferença entre dois corpos “atomicamente” idênticos seria apenas e só a experiência de vida que viria depois da cópia atómica. Ou seja, a constituição dos dois corpos (a cópia atómica) — mesmo que, por absurdo, sejam idênticos — não é considerada uma experiência humana em si mesma, e por isso a sua constituição só pode ser atribuída a uma entidade metafísica. Richard Dawkins está a tornar-se místico!

Por fim, a consciência.

A consciência é uma experiência originária — comprovável a nível intersubjectivo — que antecede a experiência objectiva, tanto em termos lógicos como também em termos existenciais.

Mesmo que, por absurdo, fosse possível copiar todos os átomos de um corpo, a consciência seria originariamente diferente nos dois corpos e independentemente da experiência de vida que os dois corpos pudessem ter.

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