“A estética não existe.” – Paul Valéry
O discurso filosófico académico moderno contemporâneo é sistematicamente ambíguo e/ou ambivalente, o que resulta da cultura académica filosófica americana pós-moderna (nitidamente) herdeira de Nietzsche. O filósofo académico pós-moderno dá a sensação de que se senta na sanita e não sabe se há-de cagar ou se há-de “dar corda ao relógio”. É o que se pode inferir deste texto publicado por Carlos Fiolhais no Rerum Natura.
Nietzsche antecipou — como a profecia que se auto-realiza — as modificações que a contemporaneidade provocou na concepção da “arte”, definindo-a mais como um movimento (político) diversificado do que como a procura de um ideal de beleza.
Tudo isto parte do erro do convencionalismo de Nietzsche — a ideia segundo a qual realidade e factos não existem per se (anti-realismo), e de que tudo o que aparentemente existe (incluindo a ciência) são apenas e só convenções sociais. Não sei se o Carlos Fiolhais se deu conta de que ao publicar aquele extracto do prefácio de um determinado livro, assume as dores de uma corrente filosófica anti-realista e, por isso, anti-científica.
A arte é, por definição, uma actividade ordenada com vista a um fim deferente dela própria (o que a diferencia do jogo), por um lado, e cujas técnicas são objecto de aprendizagem ou de ensino, por outro lado.
O discurso ético — e portanto, filosófico — académico contemporâneo sobre a “arte” baseia-se fundamentalmente em alguns conceitos-chave falaciosos: liberdade, tolerância, consentimento etário. Principalmente estes três. É disto que falarei em um próximo verbete (porque agora estou sem tempo e espaço).
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