quarta-feira, 18 de novembro de 2015

A ingenuidade do José António Saraiva

 

“Para não termos a Europa transformada num barril de pólvora, para a extrema-direita não ter terreno para medrar, os partidos moderados têm, quanto antes, de deixar de ser ingénuos”.

José António Saraiva

Vamos analisar este trecho do José António Saraiva. ¿A que se refere ele quando fala em “partidos moderados”? Parece-me que ele identifica “moderados” com “tolerantes”; vamos partir deste pressuposto: partidos moderados ≈ partidos tolerantes.


¿O que é “tolerância”?

Em moral e política, a tolerância é o princípio fundamentado na igual liberdade e dignidade das convicções, que exige a não-repressão de uma opinião quando esta é contrária a uma outra.

Até aqui, está tudo certo.

Porém, a tolerância é realmente um princípio da razão que assenta sobre a ideia do exame livre tendo em vista a procura da verdade.

Quem não procura a verdade através da razão — mesmo em um contexto de fé religiosa — não pode ser tolerante.

Neste sentido, podemos dizer que a verdadeira fé religiosa é uma “fé racional” — na esteira de S. Anselmo: a necessidade de crer para compreender; a fé em busca da razão e da compreensão: porque se tem fé e se acredita, buscamos compreender melhor aquilo que, à partida, é aceite pelo coração. A busca intelectual da verdade — a utilização da razão — é o complemento da fé e das verdades inquestionáveis da crença religiosa cristã.

Esta postura racional do Cristianismo primordial, marcada por S. Anselmo, não existe no Islamismo. Por isso é que, na cultura antropológica das sociedades cristãs, foi possível a abertura à ciência.


O problema que se coloca actualmente é o dos limites da tolerância: devemos tolerar o intolerável?

poligamia-islao

Os “partidos moderados” europeus, de que nos fala o José António Saraiva, ¿procuram a verdade através da razão? Resposta: não!

Não, porque recusam verificar racionalmente os dados da experiência e da realidade. E por isso não são partidos “moderados” e/ou “tolerantes” (isto não significa que, por exemplo, o Front National da Marine Le Pen seja um partido tolerante e moderado: faz parte da mesma lógica da dialéctica da irracionalidade política que grassa pela Europa).

Por outro lado, o José António Saraiva diz que os “partidos moderados” (já vimos por que razão não são “moderados”) são “ingénuos”.

Ora, se há coisa que não existe nos tais “partidos moderados” é “ingenuidade”. Quando os Estados Unidos de Obama, por exemplo, defendem as migrações muçulmanas em massa para a Europa, não podemos falar de ingenuidade, mas de intencionalidade. Quando a maçonaria europeia pensa que é positiva a substituição populacional ou o multiculturalismo, estamos a falar de intencionalidade, e não de ingenuidade.

De facto, os “partidos moderados” de que nos fala o José António Saraiva são tão radicais como o Front National de Marine Le Pen. O que os distingue é o tipo de radicalismo.

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