Um frade dominicano entrou no campo da universidade de Indiana, e alguns alunos ficaram indignados pelo facto de um membro do Ku Klux Klan andar livre no campo. Ou seja, os alunos perderam a noção do que é um frade católico, a ponto de o confundirem com um militante do Ku Klux Klan; mas não perderam a noção do que é um membro do Ku Klux Klan.
Quero dizer o seguinte: com o “progresso”, há muita coisa — na cultura intelectual e/ou antropológica — que se perde. Perde-se, por exemplo, o sentido da alegoria e da metáfora, perde-se a noção de símbolo, e perde-se até o sentido de humor. Se não, vejamos um texto acerca de Pedro Arroja que nos deu um tal Tadeu:
- Dizer que “as dirigentes do Bloco de Esquerda são esganiçadas” é “machismo homofóbico” (parte-se do princípio de que existe um machismo que não é homofóbico);
- O uso da metáfora e/ou da alegoria no discurso (sobre a função natural dos homens ou mulheres, ou sobre as diferenças entre sexos) é “parvoíce”.
O Tadeu não tem culpa; perdeu a noção de alegoria ou metáfora, reduz os símbolos a simples sinais de trânsito ou coisa que o valha. E — pasme-se! — critica os que deram atenção a Pedro Arroja escrevendo um arrazoado acerca de Pedro Arroja.
A verdade é que temos uma pseudo-elite política (a ruling class) que controla Lisboa e para quem os factos incomodam. Vivemos em uma cultura política psicótica, em que a realidade é negada; e o Tadeu é um exemplo dessa cultura. Lisboa vive em mundo à parte, divorciado do resto do país; mas o problema é que vem de lá o Poder. O exemplo disto é o facto de o Tadeu considerar o Porto Canal “um canal de televisão mais ou menos secreto”; ou seja, tudo o que não seja de Lisboa é considerado invisível. O sistema político esquerdista que temos já perdeu a vergonha.
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