quarta-feira, 18 de janeiro de 2017

A vontade de cagar dos intelectuais contemporâneos

 

PAPA-wcO Joaquim escreveu aqui algo sobre aquilo a que se chamou “força de vontade”, que é aquilo a que sempre se chamou “vontade”.

Aquilo a que o Quim chama de “força de vontade”, é a vontade; e a razão por que se fala em “força” para além da “vontade”, é porque a maioria dos professores universitários e investigadores não sabe quem foi Aristóteles (que sempre defendeu que a vontade adquire-se e fortalece-se através da educação dos jovens) e tem uma vaga ideia de Descartes (que distinguiu a vontade, por um lado, do entendimento, por outro lado).

Entende-se por “vontade” (ou “força de vontade”, como quiser o Quim) uma qualidade de carácter (ao contrário do que diz o professor universitário do Quim): ter vontade é manifestar perseverança nas escolhas de vida e firmeza nas decisões. A vontade é aquilo através do qual um carácter exprime a sua força de afirmação.

Para além deste sentido psicológico da vontade, encontra-se o problema do voluntário e do involuntário, que tem reflexos no enquadramento jurídico. Em teoria, um acto é voluntário quando encontra o seu princípio numa decisão interior do sujeito livre (o que quer que possa significar “sujeito livre”).

A “vontade” não se deve confundir com “desejo”.

Por exemplo, quando se diz: “tenho vontade de cagar”, deveria dizer-se “tenho desejo de cagar” — porque o desejo remete para uma inclinação ou tendência da qual esperamos retirar uma satisfação sensível e imediata. Por outro lado, se a cagação fosse sujeita à vontade, poderia haver quem tivesse vontade de não cagar, o que seria praticamente impossível a um ser vivo.

A filosofia concebeu a vontade segundo três dimensões: a vontade como faculdade da alma (Platão, Aristóteles, Descartes), a vontade e os valores (Santo Agostinho, S. Tomás de Aquino, Kant), e a vontade e o estar no mundo (Schopenhauer, Nietzsche, e os niilistas modernos que se seguiram, como por exemplo, Heidegger).

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