Era.
O facto de Salazar ter sido um autocrata, foi um acidente da História que resultou do caos político e económico do Portugal da I república.
O Estado Novo foi uma consequência necessária do descalabro cultural, social e económico causado pelo golpe-de-estado republicano e jacobino de 1910.
Ou seja: para se ser de Direita não é necessário ser um ditador: ser um ditador é independente do facto de se ser de Direita ou de Esquerda (vejam, por exemplo, o Maduro na Venezuela: é ditador, mas é de Esquerda).
Em geral, um indivíduo de Direita defende um Estado fraco (ou seja, um Estado desburocratizado), mas com um governo forte. Neste sentido, por exemplo, Donald Trump é de Direita; e Rui Rio e Assunção Cristas são de Esquerda.
Salazar — como a maioria dos políticos e intelectuais europeus da sua (dele) época — tinha uma visão hegeliana (Hegel) da História e da política (ver “Direita hegeliana” no Google). Portanto, só podemos julgar Salazar à luz das ideias na moda na sua época.
A elite intelectual europeia do princípio do século XX adoptou uma visão corporativista da sociedade — por exemplo, Durkheim defendeu uma forma de corporativismo, emulação sucedânea das guildas medievais: ou seja, é um erro afirmar que o corporativismo é uma consequência do fascismo: pelo contrário, o fascismo italiano adoptou uma deriva do corporativismo que já vinha do passado.
Isto significa que ser “corporativista” não significa necessariamente ser “fascista” — porque o corporativismo é historicamente anterior ao fascismo italiano. E o facto de Salazar ter sido o protagonista político de um Estado forte e burocrático, deve-se ao facto de os republicanos jacobinos da I república terem conduzido Portugal à falência económica, financeira, social e cultural.
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