Temos aqui um texto muito comedido acerca da maçonaria, escrito por um tal Manuel “Maçon” Monteiro; os textos “comedidos”, muitas vezes mascarados de “académicos”, são aqueles que “dão uma no cravo e outra na ferradura”; são os que negam o carácter de juízo universal da realidade em que as excepções confirmam a regra; são textos anticientíficos porque negam o princípio da falsificabilidade e apregoam a supremacia da subjectividade sobre a objectividade do mundo real. São política no seu pior sentido.
O que o referido texto faz, de uma forma sucinta, é tentar branquear o legado histórico da maçonaria — o que é, aliás, um método eficaz e recorrente de propaganda maçónica: simplesmente nega-se a responsabilidade histórica da maçonaria no que constituiu a desgraça da Modernidade, apelando-se para a casuística, ou negando o juízo universal dentro da maçonaria: alegadamente, por exemplo, basta que um maçon não pense como os outros maçons para que qualquer juízo universal acerca da maçonaria seja considerada uma “teoria da conspiração”.
Depois, o Manuel ignora propositadamente as várias correntes maçónicas — o que também é uma estratégia maçónica para confundir o povão — quando (por exemplo) não distingue a maçonaria regular, por um lado, e a maçonaria irregular, por outro lado. E, ao abrigo do conceito de “tudo no mesmo saco”, diz o Manuel que “a maçonaria não teve nada a ver com a o golpe-de-estado da república”; alegadamente, “a maçonaria foi enganada pela Carbonária”, como se esta não fosse um braço armado daquela; seria como se disséssemos que “o IRA não teve nada a ver com o Sinn Fein”. Esta hipocrisia fede.
E diz o Manuel que “a maçonaria não teve nada a ver com a imposição da monarquia constitucional a partir de de 1834” — como se o próprio D. Pedro II não fosse um maçon inveterado que tentou emular em Portugal a monarquia de tipo inglesa posterior à guerra civil inglesa de finais do século XVII.
Gente como o Manuel constrói uma narrativa elaborada e cínica para esconder a verdade histórica acerca da maçonaria.
Caro leitor: não acredite, em um vírgula sequer, no que o maçon Manuel escreve naquele texto. Por exemplo, a ideia segundo a qual “a maçonaria não tem doutrina” é absolutamente falsa; mais: é um oxímoro dirigido à digestão mental por parte de mentecaptos.
A própria ideia segundo a qual “a maçonaria não tem doutrina” faz parte integrante da doutrina maçónica (qualquer negação da metafísica é, ela própria, uma forma de metafísica).
E quando o Manuel diz que “a maçonaria não é uma organização”, o que ele pretende dizer é que “a maçonaria não é uma instituição” — o que é um absurdo. Esta gente mente com a maior desfaçatez.
A maçonaria possui: templos; altares; código moral; rituais de adoração; vestimentas e apetrechos para os ritos; dias festivos; hierarquia; rituais de iniciação; rituais fúnebres; promessas de eterna recompensa e/ou punição. E depois vem o Manel dizer que “a maçonaria não tem doutrina” e que “a maçonaria não é uma organização”. É preciso ter uma grande lata!
E impossível eliminar a maçonaria; mas podemos condicionar ferozmente a sua acção (como fez Salazar).
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