No canal História, existia um programa que fazia a defesa da existência de extraterrestres; normalmente, o narrador começava os programas (mutatis mutandis) assim:
“¿Será que existem extraterrestres? E, se existem extraterrestres, ¿não é razoável e racional que eles nos visitem, aqui, no planeta Terra? Por isso é que é perfeitamente racional aceitar, como verdadeiras e válidas, as opiniões de pessoas que dizem que viram extraterrestres. E mais: existindo, os extraterrestres fazem parte da nossa realidade.”
Repare-se como o narrador começa como uma hipótese muito imprecisa (“¿Será que existem extraterrestres?”), e depois, baseando-se nessa hipótese, desenvolve um argumento afirmativo, e parte depois para a construção de uma certeza ou de uma verdade (“os extraterrestres existem”). Quando nos damos conta, o discurso do narrador afirma já a existência de extraterrestres.
É assim que funciona o Ludwig Krippahl, neste texto.
Começa por especular acerca do conceito de “género” — quando sabemos que é incorrecto falar em “género masculino” ou “género feminino” no sentido biológico. Quando nos referimos ao homem (YX) e à mulher (XX), devemos falar em “sexo masculino” e “sexo feminino”.
Para mais informação, caro leitor, veja o que significa “género”.
Assim como o canal História diz que é perfeitamente racional e válida a existência de extraterrestres (que, objectivamente, nunca ninguém viu), assim o Ludwig Krippahl diz que é perfeitamente racional e válida a existência de “géneros” que se fundamentam em pura subjectividade — e exactamente porque os “géneros” são subjectivos, é que existem muitas dezenas de “géneros”.
Todo o “raciocínio” do Ludwig Krippahl enferma da confusão de “géneros” — sendo que o “género” não passa de uma categoria gramatical e linguística modelada culturalmente pelas diferenças biológicas entre os dois sexos (em juízo universal).
Em alguns idiomas (por exemplo, em África, entre os Macuas), nem sequer existem géneros linguísticos e, portanto, a noção de “género” é desconhecida.
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