domingo, 15 de setembro de 2024

A Esquerda está a matar a democracia, em nome da democracia. A Esquerda é liberticida, alegando a defesa da liberdade


“Onde houver culto e veneração dos animais, haverá sempre sacrifícios humanos.

E por detrás do ideal de tratar os animais como se fossem seres humanos, esconde-se o secreto anseio de tratar os seres humanos como se fossem animais.”

(G. K. Chesterton)


Quando uma “larga maioria”, no povo português, é (ainda) contra a eutanásia de seres humanos, a Esquerda proíbe o referendo acerca da eutanásia (ao mesmo tempo que impõe a lei da eutanásia ao povo); quando, alegadamente, há uma “larga maioria” contra as touradas, a Esquerda defende a realização de um referendo a favor da proibição das touradas.

A isto chamamos de “democracia de Esquerda”: é repugnante, ou porque nega a autonomia dos valores (realismo de Platão), e porque viola propositadamente a concreta diferença entre as pessoas (Edmund Burke).

Ao mesmo tempo que a Esquerda defende o isolamento social e cultural dos moribundos humanos, advogando para eles a morte prematura — perpetrada por quem deveria curar, tratar, paliar, em vez de matar —, também defende a proibição legal das touradas. E esta contradição flagrante, absurda, é assumida com pompa e circunstância, com um orgulho solene e reverencial.

Esta é a grande contradição do Utilitarismo da Esquerda:

  • aplica invariavelmente uma proposição positiva, que diz que os homens devem ser considerados como indivíduos egoístas, calculadores e racionais, e que tudo deve ser pensado e elaborado a partir do seu ponto de vista;

— ao mesmo tempo que

  • aplica e uma proposição normativa, que afirma que os interesses dos indivíduos, a começar pelo meu próprio, devem ser subordinados e mesmo sacrificados à felicidade geral ou à da maioria.

Ora, esta contradição (a utilização simultânea destas duas proposições contraditórias, ou estimulação contraditória), quando não é detectada pelo cidadão, é impossível de rebater — porque assenta da Dissonância Cognitiva que cria no cidadão: quando uma determinada autoridade de direito, reconhecida como tal, comporta-se de forma irracional, fazendo com que o cidadão tente conciliar mentalmente essa autoridade de direito, por um lado, e a irracionalidade que se lhe reconhece no seu comportamento, por outro lado, o cidadão assume uma, de duas posições:

  • ou baixa os braços e desinteressa-se da política, aceitando toda a prepotência do Poder da autoridade e sem protestar [1984, George Orwell];
  • ou constrói uma mundividência que tente conciliar o contraditório implícito na acção da autoridade, mediante a obliteração da lógica e/ou através do branqueamento do discurso político, por forma a que a contradição da autoridade seja relegada para um plano invisível [ideologia].

A Esquerda está a matar a democracia, em nome da democracia. A Esquerda é liberticida, alegando a defesa da liberdade.

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