domingo, 26 de janeiro de 2014

A irracionalidade da praxe violenta e a irracionalidade dos arautos anti-praxe

 

A praxe académica está a ser alvo de uma guerra sem quartel, ou, utilizando uma metáfora, a praxe está a ser atacada por uma matilha de lobos, cada um deles à sua maneira, chegando-se ao ponto de se culpar a praxe por uma onda gigante que afogou seis estudantes que se encontravam na praia do Meco — como se o mar revolto se aliasse à praxe académica para causar danos à humanidade.

praxeÉ tão radical o José Pacheco Pereira como são radicais os actores violentos da praxe. Mas o José Pacheco Pereira prefere o Tu Quoque. Em vez de se trabalhar para que exista um código deontológico da praxe extensível a todo o país, pretende-se proibir aquilo que não foi possível proibir desde o século XVII. E mais: sempre que a praxe foi temporariamente proibida, interrompeu-se uma determinada tradição; e quando a proibição foi levantada, mais tarde, a praxe surgiu com novos contornos, cada vez mais violentos e desligados da tradição anterior.

Perguntem aos antropólogos o que significa a praxe. E perguntem-lhes se uma sociedade, qualquer seja, pode viver saudavelmente sem ritos de passagem — a não ser que ideólogos politicamente correctos considerem a militância fanática nos partidos políticos como o moderno rito de passagem. Num tempo em que já não existe o serviço militar obrigatório, e em que se pretende proibir as praxes, não vejo na nossa sociedade qualquer rito de passagem senão a frequência de bares gay: “sair do armário” passou a ser um rito de passagem.

¿Existem exageros nas praxes? Sem dúvida!, e por isso é preciso regular as praxes por forma a que se tornem inócuas: salvar o simbolismo antropológico e cultural das praxes mas condenando e punindo a violência física.

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