quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

O cherne cegueta

 

o cherne
Durante a campanha eleitoral de Durão Barroso a primeiro-ministro de Portugal, há cerca de dez anos, a mulher de Durão Barroso invocou um poema de Alexandre O'Neil que reza assim:

Sigamos o cherne, minha amiga!
Desçamos ao fundo do desejo
Atrás de muito mais que a fantasia
E aceitemos, até, do cherne um beijo,
Senão já com amor, com alegria...

Em cada um de nós circula o cherne,
Quase sempre mentido e olvidado.
Em água silenciosa de passado
Circula o cherne: traído
Peixe recalcado...

Sigamos, pois, o cherne, antes que venha,
Já morto, boiar ao lume de água,
Nos olhos rasos de água,
Quando, mentido o cherne a vida inteira,
Não somos mais que solidão e mágoa...

Dizia a mulher de Durão Barroso, fazendo um paralelismo com o cherne de Alexandre O'Neil, que o seu próprio marido era um “cherne de águas profundas”. Hoje percebo por quê: de tanto nadar em águas profundas, o cherne Durão Barroso já não vê um palmo à frente do nariz.

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