domingo, 9 de março de 2014

A ideologia de género e o pensamento circular

 

“... gender is a performance ... Because there is neither an “essence” that gender expresses or externalizes nor an objective ideal to which gender aspires; because gender is not a fact, the various acts of gender create the idea of gender, and without those acts, there would be no gender at all. Gender is, thus, a construction ...”

Proposição da lésbica Judith Butler (na imagem), respigada aqui.

Traduzindo:

“... O género é uma representação ... porque não há nem uma “essência” que o género expresse ou exteriorize, nem um ideal objectivo em relação ao qual o género aspire; e porque o género não é um facto, os diversos actos do género criam a ideia de género, e sem esses actos, não haveria género.

Género é, portanto, uma construção ...”


1/ diz-se que “o género é uma representação”, mas está implícita, na proposição, que a recusa do género — quando se diz que “o género não é um facto” — não é uma representação. Ou seja, segundo a proposição, “a recusa dos actos do género não criam uma ideia de género”, como, por exemplo, se a recusa do Ser, por si mesma, eliminasse o facto de Ser.

Judith Butler webA representação do género só é considerada genuína se coincidir com a negação do género — o que não elimina, por isso, o facto de existir sempre, e em qualquer caso, uma qualquer representação do género. Mas a verdade é que o que muda é o tipo de representação do género, e não a representação do género entendida em si mesma e que se mantém, embora alterada na sua representação.

2/ a proposição recusa e nega as categorias da realidade. É, portanto, a-científica ou mesmo anti-científica. A irracionalidade parece estar hoje na moda. Por exemplo, o facto de uma mulher sangrar todos os meses é considerado “uma representação que cria a ideia de género”. A biologia é considerada uma “performance” (uma espécie de actuação teatral).

3/ desde logo, separa-se o “género” (que é um termo gramatical), por um lado, do “sexo” (que diz respeito à biologia), por outro lado — como se o género existisse sem o sexo; como se fosse possível falar em “género” sem que o conceito de “sexo” estivesse subjacente.

Como que por um golpe de magia, faz-se desaparecer, do discurso, o conceito de “sexo”; e com a ideia de “sexo” esfumada através de um truque de prestidigitação da linguagem, chega-se, então, à conclusão de “o género não faz nenhum sentido” — o que é óbvio: sem sexo, não há género possível. O problema deste argumentário idiota é o de que não há género sem sexo. O conceito de “sexo” é anterior (está a montante) ao conceito de “género”.

4/ depois, separa-se a biologia, por um lado, dos actos condicionados pela biologia, por outro lado.

Todo o comportamento condicionado pela biologia é considerado uma “construção”. Mas, por outro lado, a homossexualidade é considerada um facto biológico, e, por isso, já não é uma “construção”.

Ou seja, há comportamentos que são “construções”, e outros comportamentos que não são “construções”. O critério que separa os primeiros comportamentos dos segundos, é subjectivo — não tem um escoramento objectivo e concreto na realidade. Esse critério aproxima-se do conceito de acto gratuito, a subjectividade absolutista que pretende comandar a realidade dos outros.

A ideologia de género é uma forma contemporânea de totalitarismo, e a Esquerda, totalitária na sua natureza, já lhe deitou a mão.

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