quinta-feira, 22 de maio de 2014

É tempo de Portugal diversificar (ainda mais) as suas relações externas

 

«Num artigo publicado esta quinta-feira em França e na Alemanha, respectivamente no semanário "Le Point" e no diário "Die Welt", o antigo Presidente Nicolas Sarkozy aborda o problema da imigração na Europa, defendendo a "suspensão imediata" dos acordos de Schengen sobre a livre circulação de pessoas na União Europeia.

Referência máxima do partido UMP (direita francesa), Sarkozy defende a negociação de "um Schengen II" que, segundo ele, apenas deverá integrar os países que "previamente adoptem uma mesma política de imigração". A crítica às políticas de imigração na UE é um dos temas dominantes da campanha eleitoral da FN em França.

Quanto ao funcionamento da União, Nicolas Sarkozy propõe, na prática, a institucionalização de um directório franco-alemão para a governar. "Temos de deixar de acreditar no mito da igualdade dos direitos e das responsabilidades entre todos os Estados membros", escreve. No artigo, cita designadamente os exemplos de Malta, Chipre e Luxemburgo, para dizer que eles, economicamente, "não têm as mesmas responsabilidades que a França, a Alemanha e a Itália".»

Nicolas Sarkozy propõe fim da igualdade dos Estados na União Europeia


Estas declarações de Sarkozy são uma facada nas costas do Partido Social Democrata, do Partido Socialista, do CDS/PP e do Bloco de Esquerda. E não constituem apenas a opinião dele: estas ideias estão já disseminadas nos países do norte da União Europeia e revelam o fim de qualquer projecto federalista. O federalismo europeu, de Paulo Rangel e de Mário Soares, jaz morto e arrefece.

O tempo é de mudança; de grande mudança mediante pequenos passos. Portugal precisa de “ar fresco”: por exemplo, precisa propôr a sua saída progressiva da NATO aos seus actuais “aliados”. ¿Os Estados Unidos já não estão interessados na base das Lajes? Então é tempo de discutir o problema com a Rússia e com a China — até para dissuadir, através de uma aliança militar com a Rússia, qualquer tentativa de redução das nossas águas territoriais. Recorde-se que a China é hoje o maior investidor estrangeiro em Portugal. Não há como fugir à Realpolitik.

Para isso precisamos de uma nova classe política. É preciso deitar pela borda fora os Paulos Rangéis, os Passos Coelhos e os Antónios Seguros. É gente que ainda não se deu conta de que “o mundo mudou” (como dizia José Sócrates). Já não se respira nesta Europa: quando um político francês vem dizer que o vírus do Ébola vai acabar com a imigração, verificamos que o ar desta Europa já está pestilento. É tempo de procurar ar mais puro.

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