domingo, 22 de junho de 2014

Cada protestante é um profeta que pode fundar a sua própria igreja

 

O protestantismo começou com Lutero mas foi imediatamente seguido por Calvino. O protestantismo ficou, então, dividido em duas alas: a Luterana (que seguia Lutero) e a Reformada (que seguia Calvino). Mas em breve surgia uma terceira ala protestante: os Anabaptistas.

Os Anabaptistas foram perseguidos pelos luteranos e pelos calvinistas — “bem prega Frei Tomás! Faz o que ele diz e não o que ele faz!” — essencialmente porque os primeiros defendiam a liberdade da religião em relação ao Estado, ao passo que os luteranos defendiam a submissão da religião ao Estado (ao príncipe), e os calvinistas defendiam uma certa forma de teocracia em que o Estado e a religião coincidiam.

Depois da formação destas três alas do protestantismo, foi um “ver se te avias”: formaram-se numerosas seitas protestantes, cada uma com as suas próprias características. Cada protestante queria ser dono e profeta da sua própria igreja. E quando estas seitas ganhavam alguma dimensão, fragmentavam-se a seguir para formar novas igrejas com novos profetas protestantes — por exemplo, a igreja Metodista e a igreja Baptista cresceram, consolidaram-se, e depois fragmentaram-se em novas igrejas com novos profetas. O protestantismo transformou-se na religião dos profetas.

Muitas igrejas protestantes, entretanto criadas, desapareceram entretanto — como é o caso das seitas dos Cowherdianos e dos Muggletonianos, seitas protestantes que surgiram na Inglaterra do século XVI e que tiveram pouca duração. Um protestante que se prezasse tinha que ser profeta e fundar a sua própria igreja.

As principais confissões protestantes modernas são os Luteranos, os Presbiterianos, os Anglicanos, os Metodistas, os Baptistas, as Igrejas Livres e os Pentecostais. Mas não podemos esquecer outras confissões protestantes (que surgiram em um contexto cultural protestante), como por exemplo a Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias (mórmones) ou as Testemunhas de Jeová.

Depois, a pulverização protestante criou mini-igrejas em uma quantidade incrível: só para falar nas mais importantes novas mini-igrejas protestantes:

  • A Nova Igreja (The New Church), por vezes chamada de Igreja da Nova Jerusalém, fundada em Londres em 1757;
  • a Igreja dos Irmãos, fundada a partir do anglicanismo por John Nelson Darby (neto de Lord Nelson) no século XIX;
  • a Igreja dos Cristadelfianos, fundada no século XIX pelo médico John Thomas;
  • a Igreja da Ciência Cristã, fundada no século XIX pela americana Mary Baker Eddy;
  • a Igreja Unidade, fundada no início do século XX pelo americano Charles Fillmore;
  • a Nova Igreja Apostólica, com sede em Zurique (Suíça), que foi fundada a partir da fragmentação de uma outra igreja protestante do século XIX, a Igreja Católica Apostólica;
  • o Pentecostalismo Único, que agrega cerca de 90 (noventa!) denominações religiosas diferenciadas;
  • a Igreja de Deus Universal (Worldwide Church of God), fundada em 1933 por Herbert W. Armstrong.

Ficaram de fora desta lista as igrejas comunitárias que se desenvolveram a partir dos Anabaptistas (por exemplo, os Hutteritas e os Menonitas), as novas igrejas protestantes de África, uma série de igrejas New Age dos Estados Unidos que se desenvolveram a partir do protestantismo, as novas igrejas Adventistas (como por exemplo a Igreja do Ramo Davidiano, que se separou da Igreja Adventista do Sétimo Dia, e que causou a tragédia de Waco em 1993), e outras igrejas asiáticas que se desenvolveram também a partir do protestantismo, como por exemplo os “Moonies” da Coreia do Sul.

O protestantismo pulverizou o Cristianismo. Cada protestante considera-se, consciente- ou inconscientemente, um profeta. Aliás, o protestantismo assenta em grande parte na profecia e no Livro do Apocalipse.

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