domingo, 22 de junho de 2014

O problema da semântica politicamente correcta

 

O Vasco Lobo Xavier, no blogue Corta-fitas, chama à atenção para um anúncio publicitário que utiliza o verbo “adoptar” em relação aos animais. O mesmo anúncio poderia utilizar o verbo “perfilhar”: “Perfilhe um animal!”. Não o faz, por enquanto... mas lá chegaremos, quando o Registo Civil o permitir. A utilização do verbo “adoptar” em relação aos animais resulta daquilo a que o politicamente correcto (esquerda) chama de “evolução semântica”.

A semântica é a análise da linguagem, tendo por objecto o significado das palavras e a sua relação com o real (com a realidade).

O significado das palavras implica a definição de conceitos que pode ser nominal e/ou real. As definições nominais assentam numa convenção prévia (por exemplo, os sinónimos de um dicionário); as definições reais são as que resultam das características invariavelmente observadas a partir dos dados da experiência (“experiência” esta que pode ser saudável ou doentia e psicótica).

O problema, aqui, não é a definição nominal: é certo que os dicionários dizem que a adopção é feita em relação a crianças (seres humanos). O problema é a definição real que existe independentemente da definição nominal. E é a definição real que determina a mudança das definições nominais dos dicionários.

Por exemplo, a definição nominal de “casamento” (nos dicionários) foi alterada recentemente mediante a redefinição ideológica/política do conceito de “casamento” (“evolução semântica”) que passou a incluir o "casamento" gay; e essa redefinição política do conceito de “casamento” é hoje entendida, pelo politicamente correcto, como a definição real de “casamento”.

A “realidade para nós” (aquilo que nós desejamos que seja a realidade) passa a ser, segundo o politicamente correcto, a Realidade inteira. É neste contexto que surge, por exemplo, a Ideologia de Género.

A redução da Realidade (inteira, ou a Totalidade) à “realidade para nós” é um fenómeno cultural actual que exprime uma psicose colectiva; ou melhor dizendo: a tentativa das elites de impôr à sociedade uma psicose colectiva. E os me®dia, controlados pelas elites, assumem o seu papel neste processo de “psicotização” da sociedade.

Quando o politicamente correcto diz que a definição real de “casamento” inclui o conceito de "casamento" gay, está a impôr um desejo à realidade:

“Nós desejamos que a realidade seja assim, e portanto, a realidade é assim. A realidade depende exclusivamente do nosso desejo”.

Existe, na forma de pensar do esquerdista (leia-se, “politicamente correcto”), uma ruptura entre o Eu e a Realidade, o que deixa o Eu sob domínio do ID (por exemplo, o caso do psiquiatra Júlio Machado Vaz); e, num segundo momento, o Eu reconstrói a realidade segundo os desejos do ID (construções delirantes / delírio interpretativo).

A “definição real” das palavras, conforme concebidas pelo politicamente correcto, são definições que resultam de uma mundividência psicótica. Ou seja, são definições irreais — porque o psicótico dissocia a Realidade, por um lado, do Eu, por outro lado. Na medida em que a realidade passa a ser o que as elites quiserem que ela seja, a definição real das palavras passa a ser o resultado da psicose de muitos membros das elites (políticas, científicas, culturais, económicas e financeiras, etc.) que tende a ser imposta — através dos me®dia — a toda a sociedade.

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