sábado, 8 de novembro de 2014

O professor Rolando Almeida e o método discursivo do marxista cultural Habermas

 

“Pensar na bondade para podermos fazer coisas boas envolve falar com os outros, aprender o que pensam sociedades diferentes e por que motivo, e perguntar as razões das pessoas para considerar que uma coisa é boa ou má.

O que aprendemos com tudo isto é que o «bem» vem de pensarmos com responsabilidade e sensibilidade sobre o efeito que os nossos pensamentos e actos têm em nós, nos outros e no mundo que nos rodeia.”

Começar a estudar filosofia moral

Os marxistas culturais Jürgen Habermas e Karl-Otto Apel sugeriram uma forma de resolver o problema da fundamentação das normas morais: em vez do sujeito solitário que pensa acerca da generalização de máximas e normas de actuação (à moda de Kant), recorreram à ideia de um discurso infinito, se possível de todos os seres humanos, no âmbito de uma putativa comunidade ideal de comunicação.

Ou seja: se as normas morais devem ser fundamentadas, todos aqueles a quem estas (as normas) dizem respeito devem ter, por princípio, a possibilidade de participação na discussão (pública) sobre elas. Por exemplo, se alguém afirma que o roubo é moralmente condenável, em todas as circunstâncias, tem que afirmar o seguinte perante todas as pessoas:

“Afirmo perante todos que o roubo representa uma acção moralmente proibida, declarando-me disposto a defender esta minha afirmação perante qualquer pessoa.”

Na procura de um consenso surge então um discurso no qual podem e devem participar em pé de igualdade todos aqueles que são de qualquer modo afectados pela definição das normas morais. Assim, através de uma argumentação inteligente (que pode ser manipuladora) deve alcançar-se um consenso sobre as regras de jogo da moralidade: se se argumentar de forma inteligente, o resultado será o pretendido. E quem não respeitar o consenso alcançado por “todos”, deixa de poder reclamar que actua de acordo com a razão. Mas ficamos sem saber em que isto impede um ladrão de roubar...!

Para as pessoas que não participaram na discussão, ou porque não puderam fazê-lo por motivos práticos ou porque são crianças, doentes, ou porque ainda não nasceram, o consenso do método discursivo do marxista cultural Habermas não significa nada.

Além disso, o consenso do método discursivo não pode obrigar o oportunista, especialista na aplicação do princípio do interesse próprio, a agir no sentido do consenso — porque o cálculo só bate certo se todos os envolvidos abandonarem previamente o princípio do interesse próprio.

Ou seja, é necessária uma decisão moral prévia a qualquer discurso. E pergunto: ¿como é que essa decisão moral prévia pode ser fundamentada? O marxista Habermas não tem resposta para esta pergunta. Ademais, não está assegurado que um discurso, por muito inteligente que seja, garanta uma certeza — nem nas ciências da natureza o discurso científico oferece qualquer certeza.

No entanto são estes os princípios éticos com que o professor Rolando Almeida inicia os seus alunos.

Sem comentários:

Enviar um comentário

Neste blogue não são permitidos comentários anónimos.