domingo, 9 de novembro de 2014

O Carlos Fiolhais e a homeopatia

 

O Carlos Fiolhais e o David Marçal por um lado, e o Paulo Varela Gomes, por outro lado, andam de candeias às avessas por causa da homeopatia. Eu penso que todos radicalizam as suas posições.

cientismoDo ponto de vista da ciência positivista, e nomeadamente da bioquímica, a homeopatia não é credível. E aqui o Carlos Fiolhais e o David Marçal, têm razão. Se existe uma lógica na homeopatia, essa lógica não obedece aos princípios de nexo causal estritos e deterministas da ciência positivista. Ou seja, a homeopatia não permite que se façam estatísticas em relação a experiências do passado que permitam prever o futuro com uma grande percentagem de fiabilidade — que é o que a ciência positivista faz.

Mas, por outro lado, não podemos reduzir a realidade inteira à ciência positivista: quem faz isso é adepto do cientismo. Por exemplo, quando o David Marçal mete no mesmo saco a acupunctura e a homeopatia, revela um pensamento dogmático que valida absolutamente a ciência positivista.

Claramente, na homeopatia existe um factor de acção subjectiva da consciência da pessoa sobre a sua doença; e é isto que o positivismo não entende nem nunca entenderá. Assim como a maior fé que existe é a do cientista positivista porque é uma fé inconfessável, assim o doente que recorre à homeopatia fá-lo em um contexto de uma fé quasi-religiosa. São fés diferentes, mas não deixam por isso de ser fés.

Faz falta ao Carlos Fiolhais e ao David Marçal ler alguma coisa de Willard Van Orman Quine.

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