sábado, 7 de fevereiro de 2015

A religião neolítica moderna da mãe-terra e o fundamentalismo ecologista

 


Este vídeo faz um resumo da mundividência darwinista e materialista. Eu já escrevi aqui há alguns anos que o darwinismo tem como corolário o retorno ao culto da mãe-terra do neolítico inferior. Desde logo não podemos dissociar Darwin, por um lado, de Engels (a família e a propriedade) sobretudo, mas de Karl Marx também, por outro  lado. Ou seja, o culto da mãe-terra é recuperado por uma certa auto-proclamada “elite” no sentido de impôr às massas uma cultura do neolítico adaptada à  modernidade.

Se lerem com cuidado o que escreve Carlos Fiolhais  ou o David Marçal no blogue Rerum Natura, e até mesmo o Boaventura Sousa Santos  em outros locais, verificarão que a tentativa de imposição de uma cultura do neolítico às massas vem acompanhada pela apologia da ciência que é darwinista no seu fundamento.

Vamos ao vídeo.

Nenhum método científico pode provar a idade da Terra e/ou do universo.

Quando nos referimos à  idade da terra de 4,5 mil milhões de anos, estamos a falar de uma teoria, porque todos os cálculos sobre os vários estádios da idade da Terra implicam necessariamente assunções que derivam de interpretações actuais e modernas acerca do passado. Naturalmente que os cientificistas irão dizer que existe o carbono14, mas o carbono14 não pode provar que a terra tem 4,5 mil milhões de anos (muita areia para a camioneta).

A idade da Terra de milhares de milhões de anos foi calculada assumindo-se que o rácio do processo de mudanças no passado é o mesmo do do presente (princípio da uniformidade). Ou seja, os cálculos são baseados em um preconceito negativo darwinista. Mas, ainda assim, luminárias como as do Rerum Natura falam da idade da Terra como uma certeza absoluta e em nome da ciência, ou seja, com pretensas autoridade de direito e de facto — com uma certeza tão grande como é certo que o planeta Lua existe. E é assim que os pacóvios que lêem o blogue ou que frequentam as universidades são industriados em um mito moderno.

Quando se fala em idade da Terra de 4,5 mil milhões de anos  — como eu também falo aqui — temos que ter bem presente na nossa mente que se trata de uma teoria que implica uma crença. Mas essa crença é apresentada pela “ciência” aos pacóvios como sendo uma verdade absoluta, e essa assumida verdade absoluta é utilizada pelas elites cientificistas para fins políticos e ideológicos. Chama-se a isso cientismo. As verdades absolutas assumidas implicitamente pela ciência são os fundamentos em que se escora o novo culto da mãe-terra que pretende actualizar o neolítico, embora com vestes modernas.


O problema filosófico do tempo geológico ou cósmico foi abordado por Kant como uma categoria da percepção. O tempo requer uma consciência que o regista — neste caso, uma consciência colectiva que é a humanidade — e quando não existe uma consciência que regista o tempo — porque a humanidade não existia —, então é difícil dizer o que significa o tempo geológico e/ou cósmico.

A ciência parte de várias hipóteses subsumidas (modus ponens): por exemplo, que uma consciência que regista o tempo esteve sempre presente desde a formação da Terra; e que essa consciência utilizou as medidas humanas (segundo, minuto, hora, dia, ano). Por isso é extremamente difícil  falar em termos de tempo geológico e/ou cósmico senão através de uma analogia que assume como única verdadeira a noção humana de tempo.

Naturalmente que os alunos do Carlos Fiolhais  e do David Marçal, que sofreram uma lobotomia e não têm qualquer preparação filosófica e principalmente lógica (e têm mesmo um desprezo pela filosofia), não poderão compreender o que acabei de escrever.


Finalmente, o vídeo é imbuído de uma concepção apocalíptica da realidade, tirando partido de uma subcultura milenarista (ver Milenarismo) que existe em quase todas as culturas mas principalmente na cultura ocidental cristã desde a Antiguidade Tardia. O vídeo transmite uma visão escatológica cristã mas sem Cristo, que pretende incutir o medo às pessoas.

“Vem aí o fim do mundo: arrependei-vos!, e adorai a mãe-terra!”.

A Terra é vista como um organismo vivo — fundamentalismo na linha do biólogo super-darwinista Ernst Haeckel, que definiu a ecologia como “o conjunto da ciência das relações do organismo com o ambiente, incluindo em sentido amplo todas as condições da sua existência”; ele refere-se a Darwin e insiste no carácter evolutivo das relações entre o Homem e a Natureza. Este fundamentalismo já vem de Comte e é continuado hoje pelo radical e fundamentalista James Lovelock: a Terra é um ser vivo de que o Homem faz parte.

Para os fundamentalistas e radicais, o ser humano é a única espécie “anti-natural”: é a mais nociva, devendo a Natureza ser protegida prioritariamente. É aqui que entra o elemento gnóstico moderno da ecologia: existe uma casta de iluminados — os novos Pneumáticos —, que são uma elite que já garantiu a sua salvação devido ao conhecimento que têm e que adquiriram o direito de dispôr da maioria ignorante — os novos Hílicos — para proteger a Natureza. Ou seja, se é verdade que o ser humano é a única espécie anti-natural, os Pneumáticos são excepção: são uma espécie de super-homens de Nietzsche que detêm o conhecimento que lhes permite a salvação.

Como é característica de todo e qualquer movimento gnóstico, o fundamentalismo ecologista desemboca em um anti-humanismo vitalista (por exemplo, o nazismo foi a subida ao poder de uma elite gnóstica) que tem como corolário a apologia de uma qualquer ditadura ou até uma apologia do terror em nome do respeito devido à  natureza tornada o objecto de uma verdadeira idolatria religiosa: a religião neolítica moderna da mãe-terra.

“Ambientalismo” não é a mesma coisa que “fundamentalismo” ecologista. Para os verdadeiros ambientalistas,  só o Homem tem importância, é o único ser de direito, não possuindo a Natureza valor intrínseco.

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