Diz a Inês Teotónio Pereira, corroborando o CR7, que “competir connosco próprios é a estratégia certa”. Foi o que fez Beethoven.
Se analisarmos as pautas musicais originais de Beethoven, vemos ali muita rasura, muita emenda, muita “competição com ele próprio”.
Mas isso não aconteceu com Mozart: com este último, a música fluía para a pauta musical original com raras emendas, como se a partitura estivesse já escrita na cabeça dele e apenas fosse necessário passá-la para o papel.
Ser um Mozart ou um Beethoven aplica-se a indivíduos, mas não a povos.
Não há “povos Mozart” ou “povos Beethoven”: há “indivíduos Mozart” (em todas as áreas da actividade humana, e não só na música ou no futebol), “indivíduos Beethoven”, e outros indivíduos que não são nem uma coisa nem outra.
O que pode haver é uma cultura antropológica que incentiva os indivíduos de um povo a serem “Beethoven” quando não nascem “Mozart” — porque ser Mozart é um dom, uma dádiva que a Natureza, o Destino e as Estrelas concedem ao indivíduo.
Ninguém é Mozart porque quer: nasce-se Mozart. Mas se é verdade que Beethoven não nasceu Mozart, podemos eventualmente ser Beethoven se “competirmos connosco próprios”; mas nunca seremos Mozart só porque queremos ser.
Quando vivi nos Estados Unidos, tive uma professora de música judia durante quatro anos. Uma excelente professora e sempre atenciosa para com os seus alunos. Foi precisamente ela que me ensinou as primeiras coisas que aprendi sobre Beethoven e Mozart.
ResponderEliminarP.S. - O artigo em que citei o amigo Orlando foi ontem publicado no Diário de Notícias:
http://historiamaximus.blogspot.pt/2015/02/a-podridao-do-regime.html