segunda-feira, 23 de março de 2015

O José Pacheco Pereira e o mealheiro de Karl Marx

 

 

No último programa domingueiro do José Pacheco Pereira na SICn, este apresentou uma pequena estatueta de Karl Marx que tinha uma ranhura do cocuruto e que servia de mealheiro; chegou mesmo a colocar no mealheiro marxiano três moedinhas de cobre e zinco, como fazem os “católicos agnósticos” nos peditórios da santa missa. No caso de José Pacheco Pereira, o peditório era outro, mas não consta que os portugueses em geral dêem moedinhas para ele.

mealheiro-das-caldasO José Pacheco Pereira poderia ter-se lembrado de um mealheiro das Caldas, o que teria a vantagem de ser produto português. Mas não: lembrou-se de um mealheiro de Karl Marx com três moedinhas escurinhas.

Se a ideia do José Pacheco Pereira era a de sugerir aos partidos políticos marxistas a ideia da poupança, então o caso assume contornos graves: o que o José Pacheco Pereira sugere aos partidos de Esquerda é que mintam ao povo, que prometam despesas e prebendas, ganhem as eleições, e depois entrem em cortes na despesa a que ele (o José Pacheco Pereira) chama de “poupanças”: se os cortes vêm da Esquerda, são “poupanças”; quando vêm da Direita são “cortes” — um pouco à  laia do maniqueísmo da tolerância repressiva do marxismo cultural.

Por outro  lado, é uma contradição em termos que um socialista conceba a poupança do dinheiro que não é dele —  a não ser que seja um socialista banqueiro, daqueles que surgiram depois do 28 de Abril de Troca-o-Passo. Pedir a um socialista que poupe o dinheiro dos outros é a mesma coisa que pedir a um cleptómano que deixe de roubar.

Portanto, sugiro ao José Pacheco Pereira que se deixe do verdadeirismo do mealheiro de Karl Marx, e caia na realidade comprando um das Caldas, porque é preciso puxar para cima o que é português (porque para baixo já vai ele). 

1 comentário:

  1. Esses mealheiros estão à venda na FNAC ao lado de uma obra de Rayomd Aron sobre Karl Marx.

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