quarta-feira, 23 de setembro de 2015

Aqui não concordo com Olavo de Carvalho

 

“Já expliquei mil vezes: NUNCA critiquem alguém por ser homossexual. Nem por ser adúltero, masturbador, sado-masoquista ou qualquer outra coisa pelo género. Isso é moralmente errado, legalmente punível e politicamente um tiro no pé.

Você pode dizer, como eu mesmo digo, mil coisas horríveis contra o movimento gayzista, mas nunca ataque pessoas pela sua conduta sexual. Sobretudo não faça isso dando a impressão de falar em meu nome. Eu NUNCA fiz nem faria nem poderia aprovar ataques desse tipo.”

Olavo de Carvalho

oc-gayzismo

Um pedófilo é enviado para a cadeia. A pedofilia é também uma “conduta sexual”; é ilegal, mas nada nos garante que não passe a ser legal. Seguindo o raciocínio do Olavo de Carvalho, é moralmente errado criticar o comportamento sexual do referido pedófilo: podemos criticar a pedofilia, mas não a conduta do pedófilo. Esta é, aliás, a tese do "papa Francisco" contra S. Paulo.

Ora, o conceito de “pedofilia” não existe em abstracto: não existe pedofilia sem pedófilos. Os pedófilos são concretos, reais; a pedofilia é um conceito que se baseia no comportamento sexual (em geral) dos pedófilos. E segue-se que se não criticamos os pedófilos, também não é possível criticar a pedofilia.

O que Olavo de Carvalho propõe é uma espécie de suspensão de juízo moral em relação ao comportamento sexual, por um lado, e por outro lado a redução da crítica social à política: “¿Crítica ao movimento político gayzista? Sim! ¿Crítica ao comportamento sexual de um indivíduo? Não!”. Ou seja, Olavo de Carvalho, como aliás a maioria das pessoas, coloca a política antes da ética; a prioridade é política.

A redução da ética à política — assim como a redução da política à economia, que também está na moda — é um erro.

Em ética, “criticar” não é a mesma coisa que “condenar”. “Crítica” vem do grego Krinein, que significa “discernir”, “seleccionar”.

Uma coisa é “criticar”, outra coisa, bem diferente, é “xingar”. Uma crítica é sempre racional e é uma análise de fundamentos. Quando criticamos, por exemplo, o comportamento sexual de um determinado pedófilo, utilizamos argumentos racionais. Proibir a crítica moral individualizada é proibir a moral — o que é uma impossibilidade: a proibição da crítica moral extensível ao indivíduo é uma Moral em si mesma; em ética, não existe neutralidade.

Foi o que fez S. Paulo: « passiones ignominiae », « usum contra naturam » et « turpitudinem operantes » (Romanos 1, 26-27). S. Paulo fez uma crítica, não ao movimento político gayzista (que não existia naquela época), mas uma crítica moral a um determinado comportamento sexual, crítica essa que era logicamente extensível a todas as pessoas (indivíduos) que tinham esse comportamento.

1 comentário:

  1. Deus Nosso Senhor abomina a sodomia, o adultério e o pecado contra a castidade.

    Quem incorre publicamente nestes pecados deve sim ser admoestado, sendo que o admoestador deve ter o discernimento de fazê-lo visando o bem do seu semelhante, jamais a ruína dele ou sua própria vaidade.

    É uma lástima notar que Olavo de Carvalho escreve muitas coisas que não estão de acordo com a Doutrina da Igreja, embora ele seja tido por muitos católicos como um católico exemplar. E isso falo por experiência própria.



    Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo.

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