quarta-feira, 23 de setembro de 2015

O Júlio Machado Vaz e o Anselmo Borges a discutir o sexo dos anjos

 

kabalaA árvore da Kabala representa do lado esquerdo a severidade: Binah (inteligência), Gueburah (justiça) e Hod (verdade); é o lado masculino. O lado direito da árvore representa a tolerância: Hochmah (amor), Hesed (graça) e Netzah (beleza); é o lado feminino. Mas Kether (a vontade), no topo da árvore, está equidistante dos dois lados da árvore.

Todos os seres humanos, sejam homens ou mulheres, têm qualquer coisa dos dois lados da árvore, sendo que, em juízo universal, sejam mais influenciados por um dos lados, dependendo do sexo.

Podemos perguntar: ¿e se Kether fosse feminino? Resposta: não é; mas também não é masculino.

A minha referência à Kabala é meramente simbólica; não sou um cabalista. É simbólica porque se trata de um conhecimento com muitos milhares de anos que reflecte a Realidade à luz da condição humana.


O Pai-Nosso em aramaico (que era a língua de Jesus) falava em “Pai-Mãe”:


Pai-Mãe, respiração da Vida, Fonte do som, Acção sem palavras, Criador do Cosmos!
Faça a sua Luz brilhar dentro de nós, entre nós e fora de nós para que possamos torná-la útil.
Ajude-nos a seguir o nosso caminho, respirando apenas o sentimento que emana do Senhor.
O nosso EU, no mesmo passo, possa estar com o Seu, para que caminhemos como Reis e Rainhas com todas as outras criaturas.
Que o Seu e o nosso desejo, sejam um só, em toda a Luz, assim como em todas as formas, em toda existência individual, assim como em todas as comunidades.
Faça-nos sentir a alma da Terra dentro de nós, pois, assim, sentiremos a Sabedoria que existe em tudo.
Não permita que a superficialidade e a aparência das coisas do mundo nos iludam.
E liberte-nos de tudo aquilo que impede o nosso crescimento.
Não nos deixe ser tomados pelo esquecimento de que o Senhor é o Poder e a Glória do mundo, a Canção que se renova de tempos em tempos e que a tudo embeleza.
Possa o Seu amor ser o solo onde crescem as nossas acções.
(Amen) Que assim seja.”

Dizer que Deus é um “homem velho de barbas brancas que vive no céu” é a estória adoptada pelo Júlio Machado Vaz e pelo Anselmo Borges nesta conferência:

“Lisboa, 22 set 2015 (Ecclesia) – A escritora Lídia Jorge e o psiquiatra Júlio Machado Vaz participam no debate, dia 15 de outubro, no Porto, sobre «E se Deus fosse mãe?».”

julio machado vaz webÉ claro que se convencionou que Deus é masculino (O Deus). Mas perguntar: “¿e se Deus fosse mãe?”, é tentar convencionar que Deus é feminino, ou seja, é pretender adoptar outra convenção. Ora, toda a convenção opõe-se à Natureza (todas, e não apenas aquelas que são politicamente incorrectas). E toda a convenção pressupõe linguagem, e por isso pressupõe a sociedade.

A razão principal por que Deus passou a ter, com o Cristianismo, uma representação masculina na linguagem, está ligada ao repúdio do Cristianismo em relação ao paganismo que tinha muitas deusas e sacerdotisas. Esse repúdio católico, em relação ao paganismo e às suas deusas e sacerdotisas, mantém-se até hoje. É esta a razão por que Deus é convencionalmente masculino: tem a ver com uma diferenciação na cultura antropológica, e não com o sexo dos anjos.

É tão absurdo dizer que “Deus é homem” como dizer que “Deus é mulher”.

O Júlio Machado Vaz, à medida que vai envelhecendo, vai tentando conciliar o marxismo cultural do partido Livre com umas incipientes investidas na teologia cristã. O Júlio Machado Vaz pode conciliar o que quiser, mas que não venha alardear a sua estupidez na praça pública — e ainda por cima com o apoio da Agência Ecclesia!

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