terça-feira, 22 de setembro de 2015

As crenças de Darwin e de Francisco Louçã

 

Francisco Louçã diz “Darwin não acreditava na Bíblia como uma revelação divina nem que Jesus Cristo fosse filho de Deus”. E considera que a crença de Darwin é boa, em contraponto à crença má de quem acredita na Bíblia como uma revelação divina e que Jesus Cristo é filho de Deus.

Ou seja, Francisco Louçã considera que a sua (dele) crença é mais verdadeira do que a crença de biliões de cristãos, muçulmanos e judeus. Francisco Louçã considera-se uma espécie de super-homem, um ser superior ao comum dos mortais.

Francisco Louçã pretende fazer parte de uma elite gnóstica moderna, de uma nova espécie de Calvinismo que detém a verdade soteriológica (a verdade da salvação de uma casta de eleitos que passa pela negação histórica: a Utopia Negativa). Francisco Louçã faz parte da casta dos novos Pneumáticos.

Francisco Louçã deveria dedicar-se à economia de que sabe certamente alguma coisa, e deixar a metafísica para os filósofos e a religião para os teólogos.


Jesus Cristo e o Cristianismo introduziram na História uma diferenciação cultural positiva, não obstante as críticas de Nietzsche que foi mais um literato do que filósofo. Mas nem todas as diferenciações culturais são positivas: ao contrário do pensamento hegeliano de Francisco Louçã, o progresso não é uma lei da natureza, e muitas vezes aquilo que consideramos “evolução” pode ser “involução”. Basta uma geração de bárbaros da estirpe de Francisco Louçã para que o progresso desça pela pia abaixo.

Uma diferenciação cultural positiva não é uma revolução, no sentido, por exemplo, da Revolução Francesa que matou mais gente em apenas um mês e em França, do que a Inquisição católica em toda a Idade Média e em toda a Europa. Uma diferenciação cultural (que pode ser positiva ou negativa) é uma mudança de paradigma na mundividência colectiva — uma mudança de paradigma intersubjectiva.

Cada dogma — e até cada confissão — não pode ser senão expressão da experiência humana; e durante muitos anos prevaleceu o dogma darwinista das elites segundo o qual a vida teria surgido da matéria inerte. A maior fé que existe é a do cientista, porque é inconfessável. A diferença entre o dogma darwinista e alguns dogmas da religião católica é a de que os dogmas principais do catolicismo (por exemplo, o dogma da consubstanciação) são afirmações sobre a realidade que está para além daquilo que é alcançável através da linguagem.

Porém, e visto que cada dogma foi formulado na linguagem de determinada época, pode tornar-se eventualmente necessário adaptá-lo ao pensamento e à linguagem modernos — os dogmas adaptados à mentalidade moderna, que têm que ser necessariamente conquistados à realidade, e não substituindo os dados da realidade como tem feito a psicose darwinista. E, neste sentido, a física quântica vem em auxilio da Igreja Católica: hoje, é impossível falar em metafísica sem termos em conta a física quântica.


Se “evolução” é um processo através do qual o insondável (Deus) se apresenta no espaço-tempo, e por isso, se “evolução” subentende que o espírito, a alma e a razão são produtos de uma evolução, então o termo “evolução” não representa qualquer problema.

Mas se o termo “evolução” for entendido em termos meramente materialistas e darwinistas, então, o facto da verificação da autoconsciência, e a possibilidade de acesso à dimensão das verdades perenes, destrói este quadro e esta mundividência evolucionários.

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