“Em 1987, num discurso proferido num congresso do Partido Conservador, Margaret Thatcher afirmou que ‹‹A sociedade não existe, o que existe são indivíduos e famílias››.
No mesmo sentido e com o mesmo espírito de Margaret Thatcher, posso afirmar que o Islão não existe. E não lhe podemos, portanto, atribuir quaisquer glórias ou crimes. Este é o pensamento do conservadorismo clássico e, penso eu, do libertarianismo.
O que há são islamitas, muitos dos quais, infelizmente, são terroristas. A responsabilidade pelos seus actos é exclusivamente deles, não é da sociedade (ou do Islão), como pensa a esquerdalhada”.
A confusão é enorme. Atribuir ao “conservadorismo clássico” (o que quer que isto signifique) a adopção do nominalismo como mundividência, é o contrário da realidade.
Desde a antiguidade grega que os Cínicos (a “esquerda” daquele tempo) criticavam Platão e a sua teoria das Ideias: “Eu vejo um cavalo, mas não vejo a cavalaridade” (Antístenes).
Se o nominalismo fosse universalmente válido, a ciência não seria possível, porque se reduz a realidade à negação das categorias; “cada coisa é uma coisa, e não há relação empírica entre as coisas”, na senda de David Hume.
A frase de Margaret Thatcher pode ser comparada a uma outra de Fernando Pessoa: “Não existe humanidade; existe apenas o indivíduo e a nação”. Mas tanto em uma como na outra frase não há propriamente nominalismo: há apenas concepções diferentes da categorização da realidade humana.
Mas quando o Quim diz que “apenas há indivíduos islamitas”, reduzindo a realidade do Islão ao indivíduo muçulmano, segue o critério de Antístenes, que dizia que só via um cavalo à frente dele, e por isso não existe a cavalaridade.
Sem comentários:
Enviar um comentário
Neste blogue não são permitidos comentários anónimos.