sexta-feira, 29 de janeiro de 2016

Direita ou Esquerda: não há que se enganar

 

Olavo de Carvalho escreve aqui sobre Direita e Esquerda e sobre os seus vários níveis de significado. Mas, para o cidadão comum é fácil compreender minimamente os conceitos de Esquerda e de Direita se colocados da seguinte forma:


Um indivíduo de direita segue os princípios da cultura ancestral — conforme Mircea Eliade nos relatou nos seus livros de investigação antropológica — que se baseiam, por exemplo, no conceito de “pecado original”. O ser humano é visto como um “anjo caído”, um “animal ferido” na sua origem ontológica, e o objectivo da política é o de suprir as lacunas dessa fraqueza originária humana mediante instituições fortes da sociedade civil, e que se fundamentem na herança histórica.

O indivíduo de direita é um herdeiro de uma civilização, e ao mesmo tempo é o transmissor dessa civilização para as gerações futuras. O indivíduo de direita é um “reaccionário” no sentido em que não acredita que os problemas humanos fundamentais possam ter soluções humanas.

Para um indivíduo de direita, a tradição é a condição do progresso (tal como acontece na ciência), mas o progresso não é concebido como uma lei da natureza, mas antes é a consequência da civilização.


Um indivíduo de esquerda recusa a herança da tradição porque acredita que o futuro é portador de maior felicidade e de sempre crescente liberdade, e considera o passado como limitador dessa felicidade e dessa liberdade.

Por isso, para o indivíduo de esquerda, a política significa romper com a tradição em nome do “progresso”.

Para a esquerda, o ser humano é um ser naturalmente bom (o “bom selvagem”, do romântico Rousseau: o romantismo é uma característica da Esquerda) e sem “pecado original”, que tende, pelo sentido da História, a um progresso em direcção à perfeição (Historicismo, o Absoluto de Hegel, e o “progresso” é visto como uma lei da natureza), sendo que considera os “arcaísmos do passado” são obstáculos a ser removidos em função desse progresso rumo à perfeição do ser humano, a construção romântica do Homem Novo — e a política é vista como uma forma de libertação desse “passado arcaico”.


Eu sou de direita. ¿E você?

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