“O incidente das estátuas pudicamente cobertas, não pelo manto diáfano da fantasia mas pela dureza da submissão revelada perante o representante político de uma potência de área cultural diferente da ocidental, o que não deixa esquecer não é uma leviandade protocolar, é sim a dificuldade crescente de impedir que a Europa, não há muito considerada a "luz do mundo", seja um passado histórico e não a voz de um novo tempo de grandezas para a casa comum dos homens que se prometeu ser o globo.
Tratou-se de um incidente entre a nobre soma de países, a procurar que a União Europeia recupere uma posição na hierarquia das potências, um processo que vai mostrando as dificuldades de conciliar a memória de soberania e proeminência de cada uma com as realidades do tempo mal sabido em que vivemos”.
Normalmente dizemos que as pessoas só vêem aquilo que querem ver. No caso vertente, Adriano Moreira só vê o que quer ver; e atribui o tapamento das estátuas de Roma a uma “submissão por impotência”. Trata-se, de facto, de uma submissão, mas que não se deve a uma impotência real.
Quando D. Afonso Henriques declarou a independência de Portugal, prometeu ao Papa uma determinada quantidade de ouro em troca do seu (deste) apoio. O Papa anuiu e apoiou a independência de Portugal; mas, depois, D. Afonso Henriques não pagou! O primeiro rei de Portugal enganou e desafiou o próprio Papa medieval; e não consta que o condado portucalense fosse uma “potência” no contexto europeu de antanho.
Uma coisa é sermos de facto impotentes; outra é pensarmos que somos impotentes, sem de facto o sermos; e outra, ainda, é fazermos de conta de que somos impotentes. Ora, para Adriano Moreira, se um país age com impotência, é por que é de facto impotente — aqui segue o Salazar: “em política, o que parece, é!”
O que Adriano Moreira se esqueceu de dizer — porque não lhe convém — é que o governo italiano é socialista. A Esquerda em geral castra a cultura indígena europeia.
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