sexta-feira, 5 de fevereiro de 2016

O povo português vai ficar vacinado

 

O erro do anterior governo dito de centro-direita foi a arrogância e a pesporrência. Por exemplo, “Os portugueses que não sejam piegas!”; “ ¿Os jovens? Que emigrem!”. Há quem diga que foi um erro do comunicação; eu penso que foi a arrogância e a pesporrência de um primeiro-ministro debutante e impreparado.

Outro erro de Passos Coelho foi o de impôr medidas de austeridade sem uma estratégia de comunicação racional que demonstrasse a probabilidade de vislumbre de “luz ao fundo do túnel”. Por isso é que a palavra-mestra da Esquerda, “estratégia de empobrecimento”, se vinculou na opinião pública. Em vez de uma estratégia de comunicação, o anterior governo funcionava em termos de fé: havia a fé que o desemprego iria baixar, a fé de que a economia iria crescer, etc..

Ora, a fé é parte de uma ideologia qualquer. Como bem viu Agostinho da Silva, “os portugueses sempre adoraram o concreto: entendem o abstracto, mas procuram traduzi-lo imediatamente em concreto.” A fé ideológica não convence os portugueses; precisam de factos, ou de demonstração de factos. os-malandros-web

Ora, o actual orçamento de Estado, do governo dos malandros radicais, é baseado também em uma fé ideológica; mas, ao contrário do que acontecia com o governo de Passos Coelho, os malandros têm uma boa estratégia de comunicação (com o apoio incondicional dos me®dia, em geral). Ou seja, a estratégia de comunicação dos malandros parece convencer agora os portugueses de que existe uma “luz ao fundo do túnel”.

O pior acontecerá quando vier a decepção, quando os portugueses verificarem que a estratégia de comunicação da malandragem nada mais foi do que um chorrilho de mentiras. Nessa altura, António Costa tentará descolar da Esquerda radical e colar ao centro, ou seja, colar à direita. Mas irá tarde.

É muito possível que, nas próximas eleições, o povo vacinado vote esmagadoramente à direita — estou a falar em percentagem acima dos 65%, em uma espécie de “hungarização” da política portuguesa. Neste cenário, das duas uma: ou o Partido Socialista desaparece e o Bloco de Esquerda ocupa o seu lugar, ou vice-versa. Não há espaço para os dois partidos políticos. Marcelo Rebelo de Sousa e Manuela Ferreira Leite, por exemplo, continuarão a pregar no deserto contra a bipolarização da política, porque pretendem conciliar o que é inconciliável.

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