Quando as crianças tem 4 ou 5 anos, entram na “idade dos porquês”.
— “Mãe, por que existem as estrelas?”
e a mãe fica embaraçada, sem saber responder.
— “Ó filho, as estrelas existem porque... existem!”
A Elisabete Rodrigues parece estar nessa fase de crescimento:
“Algumas figuras públicas têm servido de exemplo para esta discussão. A cantora britânica Adele levou recentemente o seu filho vestido de princesa à Disney. Por que não haveria de o fazer?”
→ Os homens adoram vestir-se de mulher (Elisabete Rodrigues)
Dado que eu defendo que o Estado não tem nada que meter o bedelho na forma como a Adele educa o seu filho, penso que a Adele pode vestir o seu filho de ornitorrinco ou de equidna, se ela quiser. Mas isso não é educar.
A educação é a execução de métodos e procedimentos destinados a assegurar a formação e o desenvolvimento de um ser humano.
Kant escreveu que “o Homem é a única criatura que deve ser educada”, porque, não sendo guiada pelo instinto, deve obter através da cultura o que a Natureza lhe negou.
Segundo Kant, a educação contém dois aspectos: a disciplina e a instrução.
A disciplina é a parte negativa da educação: ela habitua a criança a suportar o constrangimento das leis e das normas, ajudando-a a ultrapassar o seu estado selvagem original.
A instrução é a parte positiva da educação (segundo Kant), porque é a acção de formar e enriquecer o espírito pela transmissão do saber e pelo estudo.
Segundo Hannah Arendt ( “A Crise da Cultura”), a educação das crianças deve ser conservadora, autoritária e protectora, porque as crianças devem ter o seu próprio espaço para crescer sem imposições “progressistas” dos adultos, por forma a serem elas próprias adultas originais no futuro.
Portanto, a Adele não concorda nem com Hannah Arendt nem com Kant. Está no seu direito. Agora só falta convencer a Elisabete Rodrigues a deixar de chuchar no dedo — que chupe um sorvete, por exemplo. Ou isso.
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