O Henrique Raposo escreveu um ensaio acerca da cultura alentejana, mas um crítico (um tal JOSÉ RIÇO DIREITINHO) pensa que ele deveria ter escrito um tratado antropológico sobre o Alentejo.
Diz ele que se trata de um “retrato desfocado”, como se fosse possível fazer um “retrato focado” do Alentejo. E quando não gosta da mensagem do Henrique Raposo, tenta matar o mensageiro.
O Henrique Raposo quis dar uma noção do Alentejo; o Direitinho queria que o Henrique Raposo nos desse um conceito do Alentejo. Ora, uma noção não é um conceito. Sobre o Alentejo podemos escrever uma biblioteca inteira (conceito de Alentejo), com a certeza de que o retrato nunca fica completo e “focado”. Ou seja, esta crítica é muito pobre.
Diz o Direitinho que o Henrique Raposo generaliza a partir das suas próprias experiências pessoais. Ou seja, o Direitinho pretendia que o Henrique Raposo abdicasse do seu juízo universal. O Direitinho acusa o Henrique Raposo de falácia da generalização ao mesmo tempo que usa a falácia de acidente.
Não é possível analisarmos qualquer coisa sem generalizarmos a partir da experiência.
A própria ciência generaliza, e de tal forma que as leis da gravidade são, em tese, aplicáveis em qualquer ponto do universo. Isto não significa que não possam haver, em teoria, mais ou menos excepções à regra: é claro que nem todos os alentejanos têm as características que o Henrique Raposo descreve no ensaio, e ele próprio chama à atenção para esse facto.
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