Não seria justo que nos recriminássemos pelos devaneios utópicos da nossa juventude, no tempo em que acreditávamos que podíamos construir um Mundo Melhor e o Homem Novo do futuro. Eu nunca acreditei nisso: sempre fui naturalmente reaccionário e céptico; sou um reaccionário inato; mas reconheço que não somos todos iguais.
O Mundo Melhor do Homem Novo, que a estupidez imberbe proclama, não é baseada no passado — como aconteceu com o Renascimento, que se baseou no regresso ao passado: o Mundo Melhor do Homem Novo actual projecta-se absurdamente em um futuro que é impossível conhecer. Portanto, o Mundo Melhor dos “progressistas” não é baseado em nenhuma experiência histórica, mesmo que revestida de alguns mitos como aconteceu no Renascimento.
Em suma, ninguém está livre de ter sido um estúpido na sua juventude.
Porém, quando a estupidez do efebo se desvanece e se adopta o ideário do liberalismo político, é suposto que os princípios básicos da democracia prevaleçam no nosso pensamento. E “democracia” significa “representação popular”.
O que eu não consigo perceber é como um dito “liberal” apoia a construção de um leviatão europeu, em que decisões políticas fundamentais são tomadas à revelia da representação dos povos da Europa, e em que o parlamento europeu não tem poder real de decisão; e ao mesmo tempo que apoia uma instituição não-democrática, critica quem defende o princípio da democracia no Reino Unido; mas diz-se de si mesmo “liberal”!
Ninguém está livre de ter sido um estúpido na sua juventude; mas, quem mal começa, tarde ou nunca se endireita.