segunda-feira, 4 de setembro de 2017

A Raquel Varela e o confronto com os países de Leste da Europa

 

A Raquel Varela conta a estória de um indivíduo que foi engenheiro da Auto-Europa e que se pirou para a Suécia, onde trabalha agora numa empresa chinesa — ¿você sabia que a Volvo agora é uma empresa chinesa? A Volvo chinesa, sediada na Suécia, paga muito melhor aos trabalhadores do que a fábrica da Volkswagen em Portugal; mas o porto do Pireu (Grécia), concessionado a uma outra empresa chinesa, paga pior do que paga a empresa concessionária do porto de Roterdão, por exemplo. Parece que existe um preconceito generalizado em relação a povos de determinados países da Europa...

Esse preconceito existe em relação a Portugal, em grande parte, por causa dos desmandos comunistas do 25 de Abril de 1974, que criaram feridas profundas na cultura portuguesa, por um lado, e por outro lado politizaram as relações de trabalho de tal forma que a entidade patronal é (geralmente) vista (em Portugal) como a própria encarnação do diabo — o que não acontece no norte e leste da Europa, onde não existem Partidos Comunistas estalinistas e apoiantes da Coreia do Norte.

O tal engenheiro (o da estória da Raquel Varela) pirou-se para ir trabalhar para os “chineses suecos”; e agora diz que os camaradas da auto-Europa devem fazer greve.

Eu já trabalhei em algumas multinacionais com fábricas em Portugal (por exemplo, a Ecco'let), e todas elas acabaram por se deslocalizar para outros países depois de Portugal entrar no Euro. O facto de Portugal estar dentro da zona Euro não é necessariamente um factor que favoreça o investimento oriundo de outros países que também pertençam à zona Euro (a Suécia não está no Euro!). Para as empresas alemãs é mais interessante investir na Hungria ou na Polónia, que não pertencem ao Euro, do que em Portugal; no entanto, estes dois países têm um PIB per capita semelhante a Portugal.

Outro exemplo: a República Checa, do defunto Bloco de Leste comunista, não pertence (nem quer pertencer) à zona Euro e tem um PIB per capita muito superior ao português (28 mil US Dollars contra 33 mil US Dollars), e tem uma taxa de desemprego de 5% (Portugal ronda os 10%). A República Checa é muito mais interessante, hoje, para a instalação de uma fábrica da Volkswagen do que Portugal. Ou seja: hoje, qualquer país ex-comunista do Bloco de Leste (fora do Euro) se equipara a Portugal, ou tem mesmo um nível de vida superior ao português; e tem a vantagem de estar mais perto da Alemanha.

E a culpa das desvantagens económicas criadas pela política esquerdista portuguesa — segundo a Raquel Varela e o engenheiro da Volvo chinesa — ¿é da Auto-Europa e do “grande capital”?!

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