O Rerum Natura continua a teimar sobre as putativas virtudes de Bertrand Russell.
Desta vez, a Helena Damião escreve:
« Perguntaram um dia ao filósofo Bertrand Russell se seria capaz de morrer por uma ideia. Como filósofo cristalino e frontal, que era, respondeu sem hesitar: “Não, porque poderia estar errado.” »
Ora, foi o mesmo Bertrand Russell que defendeu a ideia de que os Estados Unidos deveriam aniquilar a URSS com bombas atómicas, logo a seguir a Nagasaki e Hiroxima, em um momento em que os russos ainda não tinham armas atómicas. Para quem diz que “podia estar errado”, não me parece racional que defenda a aniquilação de milhões de pessoas com bombas atómicas.
A Helena Damião continua:
« Irrefutável. Qualquer não fanático, com a mente asseada, sabe que pode sempre estar errado. Só os fanáticos acreditam em “verdades”. Os cientistas e os filósofos, não. Mesmo o mais notável pensador pode estar errado e o mais provável é estar. Portanto, se uma ideia pode estar errada, morrer por ela é um rotundo disparate. »
A Helena Damião confunde “verdade”, por um lado, com “certeza”, por outro lado.
Alguém terá que explicar à Helena Damião que “verdade” e “certeza” não são a mesma coisa. Para um fanático, a verdade é irrelevante, e a certeza é que conta. A ciência não seria possível sem a procura da verdade, embora a ciência não possa nunca ter a certeza da verdade de uma tese ou de um paradigma.
Ao confundir “verdade” e “certeza”, a Helena Damião defende o relativismo. Karl Popper escreveu, acerca do relativismo:
“O relativismo é um dos muitos crimes dos intelectuais. É uma traição à Razão e à Humanidade”.
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